A menos que algum inesperado e poderoso acontecimento político surja no horizonte das eleições municipais paulistanas, João Doria estará no segundo turno, disputando a prefeitura da cidade. Com Russomano ou Marta Suplicy.
As tendências detectadas nas últimas pesquisas publicadas apontam queda nas intenções de voto para Russomano, uma leve alta das preferências para Marta e uma forte escalada dos números favorecendo João Doria, diagnóstico ainda insuficiente para assegurar que ele estaria no segundo turno, não fossem outros dados e informações que também coincidem nas pesquisas do Datafolha, Ibope e Instituto Paraná Pesquisas/Jovem Pan.
Nesta atual campanha, dois importantes fatores seriam basilares para seu entendimento:
1) A presença de alguns candidatos de alto recall espontâneo (Russomano, Marta, Haddad e Erundina);
2) As restrições ao desenvolvimento da campanha (tempo, uso das plataformas de comunicação e recursos financeiros).
Inseridos num cenário em que o desinteresse da população pela campanha era patente (e registrado claramente nas pesquisas), era possível prever o que aconteceu: num primeiro momento, os candidatos com maior recall sairiam na frente.
Já consolidar ou não essas intenções de voto dependeria fundamentalmente do sucesso, do acerto das campanhas e da capacidade que teriam de alterar as percepções iniciais.
Ou seja, com menos tempo de campanha, menos recursos de produção, mobilização política e menor interesse dos eleitores, o resultado seria uma função do talento e da eficácia das campanhas.
Com maior tempo de exposição à grande audiência de TV, João Doria soube calibrar sua exposição para se diferenciar claramente na mente dos eleitores, ocupando uma posição única, que não poderia ser disputada por nenhum de seus adversários. Uma perfeita utilização da Teoria do Posicionamento, que o publicitário-candidato certamente não esqueceu.
Começando pelos seus “heavy users”, os eleitores mais bem informados, de maior renda e educação (segmentos em que o peessedebista está em primeiro lugar, segundo o Ibope e o Datafolha), a campanha de João Doria conseguiu apresentar o candidato (que no início da campanha na TV era conhecido por menos de 50% dos eleitores) e transformar esses pontos de contato em intenções de voto. Note-se que ainda é desconhecido de 31% do eleitorado.
A maior percepção do candidato, entretanto, não resultou em aumento de sua rejeição, ao contrário, praticamente, triplicou suas intenções de voto.
Continuando essa tendência, ao atingir 100% de conhecimento (o que somente acontecerá na ultima semana da campanha) e mantendo a mesma taxa de conversão de votos, não será surpresa se Doria estiver disputando o segundo turno na condição de favorito, com Russomano ou Marta.
Emmanuel Publio Dias é especialista em campanhas eleitorais e professor da ESPM