Sim, eu acredito em Papai Noel! Desde quando ganhei a primeira bicicleta – uma Goricke, importada. E como não acreditar se sempre dependemos dessa data mágica para alavancar vendas?

Como não acreditar se esbarramos com o velhinho bonachão em todos os centros de comércio? Como não acreditar vendo os olhos das crianças (e de adultos também) brilharem extasiados, frente a uma decoração de Natal? Ou ao assistir a um comercial emotivo natalino.

Embora seja uma versão controvertida, a figura do Papai Noel, como nos habituamos a conviver, parece ter sido concebida pelo pintor-ilustrador hiper-realista Norman Rockwell, sob encomenda da Coca-Cola.

Não que a figura de Santa Claus já não estivesse sendo projetada anteriormente, mas do jeito que ela é hoje – roupa vermelha e branca e todos os demais adereços – dizem que foi Rockwell que concebeu, na década de 1930.

E como tudo o que o fantástico pintor fazia, a representação do Papai Noel vermelho e branco, divulgada amplamente pela Coca-Cola, caiu nas graças de todos e virou padrão mundial.

Essa é a versão que tenho como verdadeira. Mas não importa, o momento mágico natalino, independentemente do seu forte lado religioso, tem a capacidade de mudar o comportamento de pessoas ao redor do mundo. É o momento de fazer o bem, de festejar, de presentear e… fazer pedidos.

Então lá vou eu: Querido Papai Noel, fui um bom menino em 2017 e quero fazer alguns pedidos. A lista é longa… Posso? Pois bem.

Antes de mais nada, quero pedir que todos os números mais recentes da macroeconomia sejam verdadeiros. Ou seja: que a inflação permaneça comportada, abaixo da meta de 3%. Que a taxa de juros continue sua trajetória de baixa. Que a balança comercial continue favorável para o Brasil.

Que todas essas condições sejam capazes de turbinar a economia e gerar mais empregos. Que a roda da economia gire mais célere e consistente, fazendo florescer mais negócios e, consequentemente, crescer o PIB. Até aí tudo bem, bom velhinho? Agora vem a parte mais difícil.

Quero parar de ver manchetes de jornais e revistas trazendo notícias de escândalos financeiros e desvios e desvarios de políticos. Quero ver descer uma luz salvadora, trazendo candidatos honestos e bem-intencionados para mudar, ainda que de forma gradual, a classe política brasileira.

Será que é pedir muito, Papai Noel, que as pessoas deixem de se iludir com propostas populistas e tenham o bom senso de eleger representantes não pela sua popularidade, mas pela sua competência e bons princípios? Peguei pesado, né?

Mas nunca é demais tentar… Bem, queria agora que o bom velhinho olhasse para o nosso sofrido mercado da propaganda.

Queria que as relações entre clientes e agências fossem pautadas por interesses comuns, ganha-ganha. Sem atitudes leoninas ou posições desconfiadas. Queria muito que todo o ecossistema (clientes, agências, veículos, produtores e provedores de soluções) visse a floresta e não a sua árvore.

Que déssemos mais valor à autorregulação e nunca deixássemos de sentar à mesa – todos os players – para resolver pacificamente nossas diferenças. Que os representantes de setores (associações, sindicatos e grupos) sejam reconhecidos e valorizados.

Que a propaganda não perca seu valor como instrumento imprescindível para geração de negócios, engajamento de pessoas e manutenção de clientes. Que as linhas divisórias on/off deixem realmente de existir. Que a boa ideia prevaleça, apesar do uso crescente de dados.

Que não fiquemos demasiadamente fascinados pela tecnologia e os algoritmos, pensando que eles podem curar todos os males. Mas que também não os evitemos, ficando presos às técnicas antigas.

Bem, Papai Noel, para que este texto não fique parecendo discurso de miss, apregoando o bem da humanidade, paro por aqui. Mas, vê lá hein…

Conto com você!

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências
de Propaganda) (alexis@fenapro.org.br)