Esta época do ano é complicada mesmo. O PROPMARK vem preparando este especial que aborda as expectativas do mercado para 2020 desde dezembro, mas no segmento rádio as emissoras procuradas e a entidade que as representam, a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), não responderam ao chamado da reportagem. Todos devem ter lá suas razões. Enfim…
O fato é que um segmento como esse não tem nada a esconder. Pelo contrário. Tem muito a comemorar, já que foi um dos poucos que conseguiram se reinventar diante de tantas mudanças radicais. Deixou de ser o “velho” meio de comunicação para figurar, hoje, como um dos principais veículos, que atinge gregos e troianos. E o ano de 2019 não foi diferente.
Aliás, foi mais uma vez marcado por conquistas. E a Abert é uma das principais responsáveis por isso, pois buscou fortalecer o rádio e também a TV.
Os planos para 2020 estão traçados e o ano será marcado por novos desafios e novidades como, por exemplo, a publicação do decreto de regulamentação dos casos de dispensa da transmissão da Voz do Brasil. “As discussões com o atual governo estão avançadas e a expectativa é que o decreto de regulamentação seja publicado nos próximos meses”, diz a Abert em boletim publicado recentemente.
A conclusão do processo de migração do rádio AM para o FM é outro desafio que deve ser cumprido este ano.
“Até o momento, 1.670 emissoras já solicitaram a mudança de faixa e cerca de 775 já finalizaram o processo”. Segundo a Abert, o Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizou consulta pública para a revisão de regulamentação que moderniza as regras técnicas de exploração dos serviços de rádio, que destinará a faixa estendida de FM.
Outra novidade que representa uma batalha para o setor é a “alteração das regras de assentimento prévio para emissoras em faixa de fronteira”. “Atualmente, cerca de 900 emissoras de radiodifusão estão nessa situação e têm extrema dificuldade na operação de suas atividades. O diálogo com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e a Casa Civil está adiantado e a Abert espera que um novo decreto, flexibilizando as regras, seja publicado nos próximos meses”.
O estudo Inside Radio 2019, lançado pela Kantar Ibope Media, comprovou a força do segmento. A pesquisa mostrou que o rádio é “prime time” o tempo todo. Ou seja, durante todo o dia, o veículo mantém a audiência alta.
Ainda de acordo com o estudo, em uma análise de sete dias, 76% dos brasileiros ouviram rádio. Desse total, 61% ouviram on e offline e 38% escutaram por streaming.
Em média, os ouvintes acompanharam a programação durante 4h33 por dia e três em cada cinco pessoas escutam o veículo todos os dias.
Uma grande conquista em 2019 foi a sanção da Lei nº 13.879/2019, no dia 4 de outubro, que alterou a Lei Geral de Telecomunicações e retirou a possibilidade de cobrança do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Cide-Fust) das emissoras de rádio e televisão.
“Essa lei deixa claro que não há incidência do Fust sobre o serviço de radiodifusão. Isso é muito importante para a segurança jurídica de todas as emissoras de rádio e televisão. Estamos muito felizes com a sanção desse projeto, que agora é lei”, disse o presidente da Abert, Paulo Tonet Camargo.
Band
A Rádio do Grupo Bandeirantes aponta que as emissoras precisam melhorar a relação com o mercado, “investindo na comunicação”. “É necessário ainda estarmos preparados para a venda, para um ‘novo mídia’. Além de investir na qualidade de conteúdo e novas plataformas (podcasts, por exemplo)”, afirma Mario Baccei, vice-presidente de Rádio do Grupo Bandeirantes.
Ele destaca que um dos grandes desafios enfrentados pelo meio foi o investimento no digital, mas a migração do AM para o FM é um dos fatores que ajudaram a alavancar o segmento.
Além disso, segundo Baccei, a legislação que prevê a instalação de chips de Rádio FM em celulares e novas produções de conteúdo devem aumentar a projeção do meio. Ele acredita que o mercado como um todo enfrentou uma grande batalha nos últimos anos.
“A travessia foi difícil para todos os meios, mas atingimos nossos objetivos, sempre atento às mudanças que o mercado exigiu”.
Segundo ele, foram inúmeros os projetos que fizeram com que a marca Band se mantivesse na liderança da audiência, principalmente na Grande São Paulo, aliás, pelo quinto ano consecutivo.
Ele aponta ainda o reposicionamento da Nativa FM, que a levou a reconquistar o segundo lugar.
O executivo lembra que a BandNews FM manteve seu prestígio mesmo após a morte do seu principal âncora, Ricardo Boechat. O jornalismo manteve a credibilidade, inclusive quando o assunto é esporte.
“Vale destacar também o crescimento de nossas redes, que passaram a contar com 16 novas emissoras no dial, além da expansão no digital em formatos como podcasts e conteúdos direcionados”, garante.
