Grandes emissoras de rádio uniram-se para criar um pacote de ações de valorização do meio. O objetivo é aumentar o share de rádio no bolo publicitário, hoje em 4,5%, valor considerado pequeno pelos empresários do setor. “Há uma distorção entre a audiência do meio e a sua participação no bolo”, afirma João Carlos Saad, presidente do Grupo Bandeirantes. “Há uma crise no mercado publicitário e achamos que esse era o momento de valorizar o rádio”, diz Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, presidente da rádio Jovem Pan, idealizador da ideia de unir o setor.
Empresários de emissoras como Mix, 89 FM, Gazeta, Metropolitana e Energia 97 FM, entre outras, reuniram-se nesta sexta-feira (6), em São Paulo, para falar dos entraves do meio. O setor está elaborando ações para aumentar a proximidade com as agências e com o mercado anunciante. Uma campanha, em parceria com a AlmapBBDO, está sendo produzida para levar as pessoas a ouvirem mais rádio e para pleitear mais espaço na verba dos anunciantes. “Essa é uma ação de valorização de mídia, algo que é bom para todo mundo. No fim, uma mídia forte gera receita para todos”, explica Luiz Sanches, sócio e diretor-geral de criação da Almap.
O grupo também discute a realização de um grande evento de 12 horas, com shows de artistas diversos, entre eles Luan Santana a David Guetta. A receita será revertida para um fundo, que será usado para bancar ações de fomento do meio. A previsão é que o evento seja realizado no início de 2014. Um dos argumentos dos empresários é a forte participação do rádio na construção de artistas, que depois são usados pela publicidade. “Ninguém acredita no rádio. Mas de onde vêm Naldo e Anitta?”, questiona Tutinha. “Jorge e Mateus não fazem televisão e Gustavo Lima é um produto do rádio. São nomes que apostaram no meio e hoje são grandes artistas”, exemplifica Beto Rivera, superintendente da Rádio Gazeta FM.
Um logo será definido para representar o grupo de rádios por trás das ações e um comitê gestor para as ações será delimitado nos próximos encontros. A AESP (Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo) apoia o projeto, mas não está envolvida diretamente em seu desenvolvimento. “Apoiamos integralmente o movimento porque as lideranças do meio ficaram muito distantes nos últimos tempos. Precisamos agora nos unir”, indica Rodrigo Neves, presidente da organização.
Entraves
Os empresários aproveitaram o encontro para falar dos gargalos que afetam a produtividade das rádios. A ausência de pesquisa para fornecer números precisos sobre a audiência do meio é um dos pontos estruturais que precisam de solução. “Ainda não há mensuração da audiência que escuta rádio pelo celular ou no trânsito. Temos somente recall. Iremos conversar com o Ibope”, afirma Fernando Di Genio Barbosa, presidente do Grupo Mix de Comunicação. Ainda não há previsão sobre quando os números serão verificados.
“A Voz do Brasil”, programa estatal transmitido por força de lei entre segunda e sexta-feira, às 19h, foi o problema mais criticado. Em São Paulo, esse é o horário de pico no trânsito e as emissoras são obrigadas a interromper a programação para transmitir os boletins do governo. As emissoras tentam flexibilizar o horário de transmissão do programa. Algumas, inclusive, têm liminares que as isentam de interromper a programação para incluir as notícias estatais.