Estamos vivendo momentos “Re”. Momentos de revisão, ressignificação, reimaginação, renovação. Momentos de repensar, redescobrir e praticamente renascer. E o “Re” mais desejado agora é o de retomar.

Com a perspectiva de finalmente domar a pandemia vem a esperança da tão sonhada retomada. A esperança é comedida e cautelosa porque já tivemos situações assim e fomos obrigados a usar um “Re” que ninguém queria: recuar.

Lá em meados de 2020, a Ampro já realizava um evento sob mote de uma retomada que parecia vir, mas não veio. Veio só a frustração de ver a pandemia recrudescer e nos obrigar recolher as ferramentas e torcer por uma política de combate que se mostrava claudicante. No fim de 2020, mais uma esperança: “Em 2021 retomaremos”, torcíamos.

Houve até a realização da Expo Retomada, como uma forma de demonstrar ao mercado que podíamos, sim, voltar a planejar eventos, mesmo que sob rigorosos protocolos de prevenção. Porém, mais uma vez, a retomada foi frustrada por uma nova subida dos números de infecção e mortes. Foi a hora de aplicar um novo “Re”, de resiliência.

E o setor foi tirando todo o suco que restava das suas já combalidas reservas. Em paralelo, reivindicando a sensibilidade do governo em estender a mão em socorro dos bravos sobreviventes.

Socorro que só agora chega com as linhas de financiamento do Pronampe e o parcelamento dos débitos fiscais com a União, de acordo com o Perse, de até 12 anos e até 100% de juros, 100% de multas e de 100% dos encargos legais. Um Refis que chega tardiamente, mas que pode ajudar na recuperação do setor.

E lá vamos nós buscar uma nova retomada que esperamos agora seja definitiva e consistente. As imagens de estádios cheios nas finais da Eurocopa, em Londres, e a volta de público em eventos culturais, corporativos e esportivos em alguns países que lidaram com o combate à pandemia com mais eficiência, nos faz renovar esperanças.
O aumento da vacinação e a consequente queda dos índices preocupantes de infecção, internação e mortes devem mobilizar governos estaduais para planos de retomada, liberando a realização de eventos, em condições de controle e com aplicação de protocolos.

O governo de São Paulo antecipou o calendário de imunização e promete vacinar todos os adultos até o fim de agosto. É previsível, portanto, que, para o último trimestre do ano, tenhamos condições de retomar eventos para aqueles que já se vacinarem – todos os adultos. Mas, para realizar um evento de maior porte no último trimestre, é preciso uma atitude agora.

Ninguém põe de pé uma feira de maior porte, por exemplo, num estalar de dedos. São necessários meses de preparação. Assim como o governo de SP apostou em produzir uma vacina antes mesmo da liberação da Anvisa, é preciso ter proatividade no setor de eventos e confiar na queda de infecção, imunização ampla e na aplicação de protocolos que o setor já absorveu e está pronto para praticar.

Mas é preciso tomar essa decisão ainda em julho, para que haja tempo de planejar e viabilizar eventos no último trimestre do ano, voltando a empregar milhares de profissionais sem trabalho há mais de um ano e meio e mobilizar uma economia importante para o estado.

Outros estados já estão adotando essa política proativa, permitindo a retomada gradual de eventos. Minas Gerais e Rio de Janeiro, por exemplo. São Paulo está liberando a realização de eventos-teste e isso é bom. Mas implica numa espera que invade o último trimestre. Não temos esse tempo.

Independentemente dos eventos-teste, é preciso estudar uma liberação, que pode estar condicionada ao atingimento de índices seguros. Por exemplo: um percentual abaixo de 50% da ocupação de UTIs, ou vacinação de mais de 70% dos adultos, ou a queda do número de infectados em número expressivo. O fato é que o mercado precisa retomar a sua esperança e ter uma perspectiva real de retomada. E que agora seja pra valer!

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) (alexis@ampro.com.br)