Com a adesão de duas grandes agências do mercado à reabertura em breve das agências de propaganda em São Paulo e com o valioso apoio do governador João Doria, que já se manifestou favorável ao fato, acreditamos caber agora às entidades classistas do setor uma posição firme a respeito.
A verdade é que não é possível tantos setores de atividades já estarem funcionando normalmente e as agências teimando em permanecerem fechadas, não se sabe até quando. Ao menos duas “guerreiras” (BETC/Havas e WMcCann) já declararam uma previsão de reabertura parcial, em outubro e novembro, o que pode influenciar outras a procederem da mesma forma.
Uma agência de propaganda, pela própria finalidade da mesma, recebe muitas pessoas em suas dependências, com destaque para os representantes dos veículos, que vão lhes oferecer novos negócios para serem transmitidos aos seus clientes anunciantes.
Com as portas fechadas, esse serviço fica mais difícil, produzindo uma repetição no trabalho das agências, que não se destacaram fora do Brasil (em Cannes, por exemplo) pela mesmice.
Fazer a equipe trabalhar em home office, como vem acontecendo, é apenas uma medida emergencial e não duradoura. O que se tem comentado é que as agências descobriram uma forma de levar mais economia aos seus cofres, com o seu pessoal trabalhando em casa.
É fácil entender isso. Todas as necessidades requeridas pelo ser humano para trabalhar, mover-se e viver, enfim, passam a ser cargas de cada um em suas residências. Além disso, as agências estão descobrindo que fazendo seus funcionários trabalharem no home office podem ocupar sedes menores e, portanto, de custos mais baixos para os seus cofres.
É uma nova teoria que surge, a do mais por menos, da qual a propaganda aqui no Brasil, pelo menos, pouco precisa disso, porque sempre foi uma profissão lucrativa e cada vez mais promissora.
A nosso ver, há um erro ainda não devidamente percebido pelos seus dirigentes, que é o não aproveitamento das oportunidades para serem oferecidas aos seus clientes anunciantes pela mídia, tolhida igualmente de os seus representantes entrarem em carne e osso nas agências, levando as novas oportunidades de negociações.
Com essa atitude, as agências se afastam dos hábitos do grande público para o qual dirigem suas mensagens, passando a existir um indesejado distanciamento entre eles.
Dizem as más línguas que essa atitude das agências tem a influência dos gigantes do online, mas, se isso for verdade, deve-se combater essa prática, pouco ou nada ética, que prejudicará com o passar do tempo os meios que fizeram em nosso país a propaganda ser o que é: um negócio vitorioso, de oportunidades a muita gente (inclusive de fora das agências) e com o perigo de se encontrar lá na frente com o pior que a atividade publicitária pode suportar, que é a mesmice, seja de ideias, seja de formas.
A propaganda brasileira não chegou onde chegou, sendo respeitada em todo o planeta e com repetido destaque em Cannes, por se fechar a sete chaves diante de uma pandemia.
Vamos falar agora, em curto espaço, mas suficiente para os bons entendedores, das duas mortes do professor Francisco Gracioso. O que ninguém escreveu é que ele foi injustiçado ao ser substituído na presidência da diretoria da ESPM. Nesse momento, ele começou a morrer, mas, como os grandes, não se queixou de nada e de ninguém. Nem a mim, que fui seu confidente, ele transmitiu alguma queixa.
Saiu como entrou, glorificado por tudo o que fez pela ESPM, começando pela sua vitoriosa luta em prol de uma nova sede à altura da querida ESPM, sobre um imenso terreno situado na Rua Dr. Álvaro Alvim, na Vila Mariana, onde antes, ocupando um espaço menor, funcionou a Walita.
Talvez seu erro tenha sido não se rebelar contra a injustiça que estava sofrendo, mas preferiu, como Cristo na cruz, aceitar resignado a decisão de uns poucos, que acabou contagiando a maioria, com o dedão para baixo para não se expor.
Um dos grandes personagens da minha vida, que ocupará lugar de destaque em um livro que planejo começar a escrever logo mais sobre os grandiosos e os apenas mitos que passaram pela propaganda brasileira, desde os meados dos anos 1950 até agora. Se conseguir chegar ao fim, o professor Gracioso será capa do livro.
Não pode haver sentimento profissional maior no ambiente da ESPM do que o sentido pela funcionária Lúcia M. de Souza, que tinha no mestre a exata reprodução de um líder. Disse Lúcia ao PROPMARK:
“Prof. Francisco Gracioso, nosso mestre, foi um grande administrador, publicitário e profissional de marketing, com mais de 40 anos de experiência em cargos de direção e em consultoria empresarial. Gerenciou grandes empresas e participou de projetos especiais nos Estados Unidos, América Latina e Europa. Dirigiu, por mais de 30 anos, a Associação Brasileira de Alumni do IMD, tornando-se seu presidente de honra. Também foi autor de vários livros nas áreas de planejamento estratégico, marketing e propaganda. Conselheiro emérito da ESPM, entidade que presidiu por 26 anos. Um exemplo de dedicação e competência, deixa um legado inestimável pelo seu papel de liderança, que resultou no notável crescimento da ESPM, posicionando-se entre as melhores instituições de ensino superior do Brasil”.
Chamamos a atenção dos nossos leitores para outras três matérias da maior importância para o mundo publicitário, nesta edição:
- Agências criam estúdios de conteúdo com foco em entretenimento e agilidade. Orçamentos reduzidos também influenciaram na criação dessas estruturas, que suprem com olhar customizado redes sociais e outros canais. Nem todas as agências têm content studios, mas, de uma forma ou de outra, usam o sistema com fornecedores alinhados com jobs pontuais.
- Após negociações com SBT, Band e Rede TV!, a Conmebol definiu o SBT como novo parceiro comercial para as transmissões da Libertadores da América na TV aberta. Contrato válido até 2022 é exclusivo para transmissões em TV aberta; Bolívar x Palmeiras e Universidad Católica x Grêmio abrem o torneio no canal.
- Matéria sobre os resultados do Brasil no festival D&AD 2020, que bateu recorde com a conquista de 43 Lápis e foi o quinto país mais premiado este ano. A Africa foi a agência mais premiada da América Latina.