Não queria, mas não tem como fugir do assunto mulher, novamente. Semana passada, o Em Pauta, da GloboNews, trouxe uma reportagem sobre um grupo de mulheres, jovens mães, que se reuniram nas redes sociais para denunciar maus-tratos em um hospital público da Bahia, em Salvador.
As mulheres, grávidas, à beira de ter bebê, segundo elas, são tratadas como seres desprezíveis por médicos e enfermeiras. Vale lembrar que o relato foi feito em plena semana da mulher, cuja comemoração se dá neste domingo, dia 8 de março.
A conclusão é que evoluímos muito pouco no quesito respeito à mulher. Não é novidade para ninguém – até parece que virou assunto banal – que inúmeras delas são agredidas e mortas todos os dias. O volume é assustador. Em uma rápida olhada no UOL, em um dia qualquer da semana passada, se pôde observar cinco “chamadas” que retrataram violência contra a mulher:
“Mulher é incendiada por companheiro em casamento…”
“Motorista de APP é indiciado por suspeita de estuprar passageira…”
“Morre mulher que teve 60% do corpo queimado…; namorado é suspeito”
“Homem espanca namorada grávida…”
“Namorado é suspeito de decapitar jovem”
Sensacionalista? Não! A realidade é que é sensacionalista.
Isso é o que se sabe. Existem as agressões que não são computadas, que não aparecem, não são denunciadas por aquelas que preferem o anonimato, por medo, vergonha ou até por achar que não vai levar a nada mesmo. Todas contam apenas com a sorte.
Difícil ver, ler ou ouvir notícia contrária, cuja mulher, companheira ou namorada tenha feito algo violento contra os homens. E quando isso acontece chama muito a atenção de todos, pois, além de raro, eles parecem intocáveis.
Não tem o que fazer? É cultural, dizem! Há muito, sim, o que fazer. Se é cultural, que se mude a cultura. O que não pode é continuar o estado de coisas ser incorporado ao cotidiano como se fosse quase normal.
É preciso que primeiro os governantes se conscientizem e partam para uma ação séria, coordenada, bem administrada, e não serem protagonistas de racismo ou preconceito contra a mulher como ocorreu recentemente.
Caso uma mente brilhante pense em alguma campanha que tente conter a violência, que ela não seja veiculada na madrugada, em horário de pouca audiência, na calada da noite, quando também acontece a maioria dos ataques a elas.
Quem terá autoridade para conter ou ao menos minimizar essa situação? Boa parte dos homens, e da sociedade em geral, incluindo aí as próprias mulheres, aceita a realidade como se não existisse nenhuma ligação ou compromisso com mulher.