Ainda que lentamente, o mercado publicitário – seguindo igual movimento da economia como um todo – recupera-se do período difícil que travou o país nos últimos três anos.

Se este primeiro semestre do ano já apresenta resultados até aqui melhores e sem a contabilização total dos efeitos positivos provocados pela Copa do Mundo (ver matéria de capa desta edição), é de se esperar que o segundo semestre, sempre mais movimentado no meio, faça-nos constatar que já deixamos para trás as agruras que nos atingiram a partir da posse de Dilma Rousseff.

Sem dúvida, ainda temos muito a reparar no país vitimado por uma onda de incertezas e de decisões contraditórias do Poder Público, em todas as suas esferas.

Quando o comando falha, os resultados gerais tendem a surpreender para pior, diminuindo esperanças e esterilizando possibilidades de sucesso, como temos visto nestes estranhos últimos tempos de um país que tem tudo para dar certo.

Aos poucos, porém, a iniciativa privada sobrevivente da crise aponta o norte para os incrédulos, mostrando que mudar nossa trajetória política é um erro que não se deve cometer. Não se diz respeito aqui a pessoas, mas a sistemas de governo que fracassaram onde foram implantados com salva de palmas e tiros de canhões.

O Brasil tem vocação democrática desde o início da sua história. Essa convicção emoldurou os saltos que seguidamente demos em busca de dias melhores para todos. Cada período comemorativo desde 1500 demonstra a vocação para a liberdade de ação e o empreendedorismo, inerentes à capacidade criativa do povo.

Foi com surpresa, entretanto, que a maioria eleitora da população brasileira, votando em candidatos populistas que venceram as eleições, passou a assistir à desconstrução dos nossos princípios democráticos, através de movimentos de desobediência civil apoiados pelos novos governos que sucessivamente se instalaram no país.

Em meio a essa mudança da rota histórica do país, agrava-se de forma avassaladora o crime da corrupção que, podemos admitir, sempre existiu, mas jamais nas proporções recentemente vistas.

O uso não só da máquina pública, mas também e principalmente das empresas públicas (como a Petrobras) para o desvio ilícito de bilhões de reais, contaminou as instituições e causou grande revolta na população já vítima desses descalabros.

Não poderia ser diferente: o país se encolheu, seus números positivos diminuíram e muitos se transformaram em negativos e a economia do país estremeceu.

O segmento publicitário, a exemplo dos demais, passou a sofrer as consequên- cias dessa “farra do boi”, vendo encolher as verbas dos anunciantes e sendo obrigado a encolher, na mídia, nas agências, nas produtoras e fornecedores do mercado, seu pessoal contratado.

Após o impeachment de Dilma Rousseff, voltamos a ter esperanças que com o passar dos dias foram se transformando em realidade. O país estava aos poucos se reconstruindo. Embora o governo atual, sucessor de Dilma Rousseff, seja também acusado de muitos pecados, a quantidade dos malfeitos, dizem alguns economistas, chega a ser irrisória diante da recente hecatombe.

Em boa hora, o novo governo aprovou uma nova legislação trabalhista, colaborando para que a recuperação das pessoas jurídicas em todo o território nacional tivesse uma necessária aceleração.

O quadro hoje é diverso, embora não ainda o ideal. O mercado publicitário, ajudado pela Copa do Mundo que ocorrerá em um novo momento da vida nacional, possibilitará ganhos expressivos a boa parte do trade, com destaque para os meios.

O ano fechará melhor que o anterior e se formos felizes nas eleições de outubro poderemos novamente deslanchar já a partir do início do próximo ano, em busca da recuperação do tempo perdido. Para que isso ocorra com segurança, entretanto, temos de levar mais a sério do que nunca as próximas eleições. Errar uma vez é humano, errar seguidamente é burrice.

Um bom começo para contribuirmos com a volta do país à sua normalidade econômica, que precede a todos os demais benefícios dos quais necessitamos, é não reeleger ninguém. Gente nova (não necessariamente de idade) no poder, sem os velhos compromissos do passado, pode ser uma boa solução, talvez a única.

Acreditando nisso, temos a obrigação cívica de transmitir por todos os meios ao eleitorado brasileiro a necessidade de uma grande mudança pelas vias democráticas.

 

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Lamentável o ministro Ricardo Lewandowski, do STF (o mesmo que em parceira com Renan Calheiros ignorou a Constituição quando do impeachment de Dilma Rousseff, mantendo os direitos políticos da presidente impinchada), negar recurso do jornal O Estado de S.Paulo contra decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios que impediu e prossegue impedindo o centenário jornal de publicar informações da chamada Operação Boi Barrica, que envolve membro da família Sarney.

Pior ainda foi sua decisão de não apreciar o mérito do processo, encaminhando o caso para a 12ª Vara Civil de Brasília, “para que julgue o mérito da ação como bem entender” (grifos nossos).

Detalhe: o ministro Lewandowski reteve os autos do processo por cerca de 3.000 dias, antes de apreciá-lo e tomar essa decisão.

Usou e abusou do engavetamento.

 

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Em grande estilo, a Rede Globo lançou na noite da última terça-feira (8), no Circo Voador, no Rio de Janeiro, sua nova novela das oito, Segundo Sol, de autoria de João Emanuel Carneiro, com direção artística e geral de Dennis Carvalho e direção-geral de Maria de Médicis.

No show de apresentação, o talento de Carlinhos Brown e sua banda Axé, esbanjando energia e lembrando ao público presente ser a nova novela a primeira releitura do Movimento Axé em 35 anos.

 

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Com a aproximação de mais um Cannes Lions, torna-se imperdível nesta edição a série de entrevistas com os jurados brasileiros no mais importante festival do marketing e da propaganda de todo o planeta.

Eles serão homenageados pelo Estadão, representante do Cannes Lions em nosso país, com um almoço na próxima terça (15), no Figueira Rubaiyat, para o qual foi convidada grande parte dos jornalistas que cobrem o Cannes Lions para os diversos meios.

 

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Aguardem a próxima edição do PROPMARK (data de capa 21/5), comemorativa dos 53 anos de circulação ininterrupta deste semanário, com chamada de capa para o conteúdo de um debate em três painéis, realizado na ESPM TECH, entre consagrados publicitários do mercado, discutindo temas relevantes do momento atual da nossa publicidade.

Entre outras atrações e por se tratar de um jornal dedicado ao marketing e à propaganda, chamamos a atenção do leitor para a qualidade e a quantidade dos anúncios já programados para essa edição histórica.

 

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Este Editorial é em homenagem a Gabriel Priolli, pelo lançamento pela Noir do seu livro A Sintonia do Sucesso, contando com riqueza de detalhes a história exemplar da parceira de Luiz Casali e Carlos Colesanti “no mundo do rádio e da publicidade”, conforme a capa da obra.

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda (aferrentini@editorareferencia.com.br).