Seguimos confinados por mais uma semana sem muita perspectiva de retorno aos escritórios. Já lemos e ouvimos bastante que essa quarentena está servindo para nos obrigar a enxergar o mundo de maneira diferente.
A crise financeira decorrente da pandemia, por si só será um motivo para que as pessoas economizem mais e revejam seus hábitos de consumo e fará com que as empresas mudem também.
Mas como? Mudando seus modelos de negócios ou suas estratégias? É preciso antecipar-se, estar sempre um passo à frente.
Pudemos perceber tamanha transformação já nas duas primeiras semanas da quarentena, em que a maioria das empresas, principalmente as pequenas, se viram obrigadas a mudar o rumo das coisas para poderem sobreviver em meio ao caos, como milhares de restaurantes e lojas que, hoje, só trabalham com delivery, por exemplo. Páscoa e Dia das Mães, duas das principais datas do calendário comercial, passaram praticamente em branco. Não fosse pela mudança de estratégia, realmente nem seriam lembradas.
Também vimos grandes empresas pararem suas produções normais e passaram a fabricar álcool em gel e máscaras, assim como muitas de maior porte e bancos fizeram doações em dinheiro para a compra de equipamentos hospitalares e alimentos para a população que mais necessita.
Assim como essas conseguiram se adaptar rapidamente ao novo momento para sobreviver, outras terão de se reconstruir. E é preciso aproveitar o legado que será deixado por essas empresas e ser mais criativo do que nunca.
O consumo está relacionado às necessidades e desejos das pessoas. O sentimento de ansiedade e incerteza, motivado pelo medo da perda do trabalho, certamente afetará o consumo mesmo depois de passado o período de quarentena.
Durante a pandemia os hábitos dos consumidores estão se transformando. É preciso entender o momento emocional. E essa capacidade de entender o movimento do comportamento do consumidor é que vai permitir que as marcas se reestruturem e mantenham a relação de afetividade com esse público.
Além disso, o consumidor espera que respondam com estratégias de responsabilidade social já em desenvolvimento por algumas marcas antes da pandemia. Princípios e valores como solidariedade garantem relação de confiança. Ou seja, espera-se empresas que não trabalhem apenas com o lucro acima de qualquer coisa, mas que atuem em prol do bem-estar coletivo.
Equilíbrio entre corpo e mente nunca foi tão importante, assim como a conscientização sobre a sustentabilidade do planeta. Esse momento faz com que a comunicação das marcas seja autêntica e transparente.
Encontram a rejeição da sociedade, aquelas que tentam seguir com suas comunicações habituais ou, em alguns casos específicos, tentam usar a crise como uma desculpa oportunista.
Já vimos exemplos, agora, no auge da pandemia da Covid-19, empresas que se posicionaram dizendo que não poderiam deixar de vender por causa de uns 10 mil mortos. E outras que, no mesmo momento de crise, encontraram a oportunidade para fazer o bem, para mostrar que não surgiram apenas para ganhar dinheiro, o que criou uma grande empatia com o consumidor.
É esse compromisso com a sociedade que pode consolidar uma marca ou torná-la mais forte num momento tão duro como este que estamos vivendo. E não estou falando de sentimentalismo, mas sim se sensibilidade, de responsabilidade social.
O fortalecimento de valores como solidariedade e empatia ganham novo sentido a partir de agora.
Será que o brasileiro tem mesmo memória curta? Não acredito nisso. Acho que, mesmo passados anos desta enorme crise, nos lembraremos quem esteve por perto e quais as empresas e marcas que nos ajudaram a passar por essa de forma mais leve.
E não é necessário ser uma grande marca para ter esse reconhecimento público. Basta antecipar-se!
Daniela Augusto, diretora de Brand PR da LLYC no Brasil, é jornalista, com Master em Marketing e Comunicação Corporativa