A Rede Record divulgou um comunicado no qual se diz “surpresa com a decisão da Fifa de prorrogar o acordo de direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2018 e 2022 para o Brasil com outra emissora sem qualquer licitação” – no caso, a Globo (leia mais aqui). Segundo a Record, o diretor de TV da Fifa, Niclas Ericson, havia garantido, por e-mails trocados com a emissora, que a escolha se daria após concorrência – o que não teria acontecido.
A Record ainda acusa ser estranho que, ao contrário do ocorrido em outros países, no Brasil “um contrato sem concorrência decidido ‘fora do horário comercial’, sem ser à luz do dia e de forma transparente”. Ao final, a emissora garante que estuda medidas judiciais cabíveis na Suíça e no Brasil que garantam os direitos internacionais de negociação.
Na briga pela transmissão de grandes eventos esportivos, a Record conquistou os direitos para as Olimpíadas 2012, que acontecem em Londres – e, teoricamente, detém a preferência na renovação do contrato para as próximas edições. A parceria entre Globo e Fifa para Copa do Mundo dura desde a edição de 1970.
Confira abaixo, na íntegra, o comunicado da Record.
“A Rede Record vem a público manifestar absoluta surpresa com a decisão da Fifa de prorrogar o acordo de direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2018 e 2022 para o Brasil com uma outra emissora sem qualquer licitação.
A Record foi informada em 2010, logo após o término da Copa do Mundo, pelo diretor de TV da Fifa, Sr. Niclas Ericson, de que haveria uma concorrência pelos direitos de transmissão dos eventos promovidos pela Fifa em 2018 e 2022, conforme provam e-mails trocados entre executivos da Record e da Fifa. No encontro realizado no Hotel Fasano, no Rio de Janeiro, a direção de nossa empresa ouviu garantias de que a licitação seria pública, transparente e aberta em regime semelhante ao que a Fifa realiza em países do mundo inteiro. Na oportunidade, a Record também entregou à Fifa um documento oficial afirmando que concorda com todas as condições para a aquisição dos eventos.
O acordo com a concorrência foi anunciado sem que qualquer outra empresa de comunicação brasileira tenha sido consultada, A informação foi divulgada no mesmo espaço de notícias em que a Fifa anuncia a abertura de licitação dos direitos para centenas de países da Europa, como Alemanha, Itália e Portugal; da Ásia como China e Índia; da Oceania como Austrália, da África, além de Estados Unidos, Canadá, América Central e da própria América do Sul.
É estranho verificar que para o Brasil o método seja outro. Um contrato sem concorrência decidido “fora do horário comercial”, sem ser à luz do dia e de forma transparente.
Relevante, também, ressaltar que a empresa que teve seu acordo prorrogado com a FIFA gosta de se auto intitular como um dos maiores grupos de comunicação do mundo. Em contrapartida, mostra em seus métodos que não aceita concorrência livre em que a melhor proposta seja a vencedora.
A Record informa que pretende estudar as melhores medidas judiciais cabíveis na Suiça e no Brasil que garantam os direitos internacionais de negociação.
Acreditamos na justiça e nas entidades mundiais de defesa do livre comércio sediadas na Suiça. Organizações que, justamente, combatem práticas de monopólio, protecionismo e corrupção”.