Após mais um sucesso da comunicação comercial brasileira, que podemos chamar simplesmente de propaganda, desta feita na versão anual do Cannes Lions realizada totalmente online, voltamos a comentar alguns dos aspectos principais do dia a dia dessa importante atividade, que fez e prossegue fazendo a bandeira brasileira tremular mais alto nos importantes eventos promovidos mundo afora, premiando os melhores trabalhos do setor.

O principal deles prossegue sendo, sem nenhuma dúvida, o Cannes Lions, cujo começo, anos atrás, foi incipiente, sendo realizado um ano em Cannes e no outro em Veneza e assim sucessivamente.

Até que um dia países de menor expressão publicitária resolveram aderir ao festival, como forma de se expor ao mundo, mas principalmente como um esforço de aprendizado, para se juntar aos bons e ser um deles.

Nem todos conseguiram, mas o nosso país se sobrepôs à grande maioria dos concorrentes tentativos em ganhar Leões (símbolo máximo das grandes premiações do certame) e a cada ano se dava melhor, obtendo mais e melhores prêmios, incentivado por uma ideia brilhante do saudoso Victor Petersen, então da C-P Cinema e Publicidade do Brasil, que lutou para levar representantes de alta categoria profissional nas suas empresas para verem de perto a importância de trabalhos da comunicação publicitária serem premiados por júris extremamente competentes, o que acabaria por beneficiar por via inicialmente indireta, que com o tempo transformou-se em via direta, os produtos anunciados pelos trabalhos publicitários vencedores.

Com a pandemia, que foi ganhando força a partir do início de 2020, a realização do Festival corria risco, mas acabou sendo realizado de forma online pela primeira vez na história, contudo sem a tradicional premiação.

Com o recrudescimento da pandemia em 2021 e suas vítimas espalhadas pelo planeta, logo se pensou que o caráter presencial do Cannes Lions deste ano também estaria comprometido.

Daí, a ideia dos seus organizadores de repetir o evento totalmente online, mas com premiação, o que acabou sendo um sucesso pela economia que proporciona, principalmente com a ida do pessoal das agências, produtoras e anunciantes a Cannes anualmente, com custos caríssimos de manutenção na famosa cidade do Mediterrâneo.

Nosso país aproveitou-se muito bem do online, pois estamos em avançado estágio no setor. Além do mais, muitas economias para agências, mídias e para os próprios anunciantes, concorrentes ou não, pois todos sabemos o custo de uma semana para uma pessoa em Cannes.

É provável que a prática do online perdure no Cannes Lions, mesmo após superada a pandemia, o que não impedirá de muitos empresários e profissionais do setor voltarem a participar ao vivo do festival.

Nossa crença, porém, é a de que teremos mais trabalhos inscritos online do que presenciais, criando-se com isso uma novidade que valorizará ainda mais o Cannes Lions.

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Em particular, destacamos o sucesso do trabalho da nossa Africa em Cannes este ano, com 21 Leões – todos de altíssima qualidade criativa – e um Grand Prix que ficará na história da propaganda brasileira, quando os jovens lá adiante procurarem saber quais os melhores trabalhos que concorreram em Cannes no terrível ano da pandemia, em 2021.

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Matéria de capa
A nossa manchete desta edição é recheada de informação sobre o quanto a pandemia fez evoluir a comunicação na área da saúde. O Especial Healthcare, assinado por Janaina Langsdorff, mostra que nunca mais a propaganda do setor será a mesma depois da pandemia da Covid-19. No trabalho, lazer ou em casa, a busca por cuidados sanitários, capazes de proteger a saúde e o bem-estar das pessoas, tende a ser uma exigência que vai além do carpe diem. Aproveitar o dia já não basta. Agora, a expressão em latim dita pela primeira vez há mais de dois mil anos, pelo poeta Horácio no fim do Império Romano – que ganhou fama nos ensinamentos do professor John Keating, interpretado pelo ator Robin Williams em Sociedade dos Poetas Mortos, no ano de 1990 –, evolui para a sigla Yolo, que vem do inglês You Only Live Once, ou seja, você só vive uma vez. Esse movimento é seguido de perto pela indústria da comunicação.

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Outro destaque desta edição é a reportagem sobre a APP, que está resgatando o tradicional Prêmio Contribuição Profissional, simbolizado com a entrega do troféu Garra do Galo aos vencedores. O evento, que ficou fora do ar por seis anos, será realizado em novembro próximo de forma virtual. Segundo Silvio Soledade, presidente da entidade, o momento exige que se valorize o profissional da propaganda.

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Também registramos nesta edição, matéria sobre a Magalu, que abre sua primeira loja física no Rio de Janeiro, onde investiu em uma grande campanha publicitária deflagrada na semana passada. A marca usa todas as ferramentas da comunicação para chamar a atenção do carioca. A Ogilvy assina a campanha.

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Outra matéria interessante publicada na presente edição, é a entrevista com a diretora de marketing da Nivea, Andrea Bó, que revela como a empresa chegou ao novo propósito de marca. Foram feitas inúmeras pesquisas, globais, que apontaram o caminho. O toque e a proximidade das pessoas, tão distantes nos últimos tempos por conta da pandemia, são gestos dos quais as pessoas mais sentem falta. Por isso, a companhia decidiu apostar em novo argumento, que deve refletir no fortalecimento da marca.

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A esperança é revolucionária. (Leandro Karnal, lançando seu novo livro, que reúne textos publicados em sua coluna no Estadão).

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“O aumento da população vacinada é o grande remédio para combater a epidemia. O número de mortos já vem caindo em função da vacinação”. (Comentário mais frequente de especialistas da medicina nos últimos dias).