Minha primeira sensação, ao ver na Globo às 5 da manhã a vitória de Trump, foi de preocupação e desânimo. Mas, como o resultado já estava consagrado, comecei a procurar o lado bom do mesmo, como a menina Polyana da história infanto-juvenil.
Será que o mesmo fenômeno que ocorreu nos Estados Unidos, não reflete de certa forma uma tendência mundial de se combater o inconsequente populismo, que tem trazido prejuízos imensos às nações que a ele se sujeitaram e ainda se sujeitam?
A Globo interrompe a transmissão, para informar que a rodovia Helio Smidt, que dá acesso ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, está interditada, porque oito dezenas de manifestantes queimaram pneus em transversal na estrada. A TV mostra os pneus em chamas e apenas dois pequenos espaços já com o fogo apagado pelos policiais, dando vazão a desesperados motoristas e seus passageiros, estes com voos marcados para muitos destinos do país e do mundo.
A razão maior desse absurdo é o populismo, que consagrou na Constituição de 1988 o direito às manifestações, sem especificar seus limites.
Então, reúno meia dúzia de gatos pingados e levo prejuízos a milhares de pessoas que tem compromissos urgentes e importantes, que por sua vez irão se multiplicar sobre outras pessoas delas decorrentes.
Para não ir muito longe, a invasão dos colégios na Paraná e em São Paulo, por jovens imberbes e mocinhas que pouco sabem sobre a tal PEC do governo Temer, que estabeleceu um teto para os gastos públicos, mas têm um desejo enorme de aparecer diante dos seus pares, dar declarações à imprensa e se tornarem “heróis” ou “heroínas” sem mesmo entender o exato significado disso.
Temos que criar coragem e acabar com esse estado de coisas.
Uma das formas pode estar em impedir no nascedouro, o tudo pode possibilitado pela ciência política populista.
Nas democracias, o mínimo que se deseja é que o seu direito não atrapalhe o meu, principalmente quando o meu é mais forte que o seu do ponto de vista da coletividade e da minha própria necessidade.
No silêncio das pesquisas, o povo americano entendeu que era preciso dar um basta a esse tipo de populismo que estava tomando conta da gestão do país de há muito. E deu esse basta, elegendo o até ontem considerado por nós aqui no Brasil como o troglodita Trump.
Será mesmo que a maioria do povo americano errou?
Não posso encerrar este comentário sem uma observação acerca das pesquisas eleitorais. Lá como cá, parece que sua precisão matemática anda mal das pernas. A grande pesquisa, que é a eleição e a apuração dos votos, prossegue imbatível. Isso quando não fraudam as urnas eletrônicas…
Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda