Uma das áreas mais tradicionais do Festival Internacional de Criatividade chega repaginada para 2016. A partir desta edição, as peças de Print concorrem sob um conceito mais amplo, com o nome Print & Publishing Lions. Hugo Rodrigues, presidente da Publicis Brasil, será jurado da competição e explica que a mudança tem o objetivo de atualizar a competição, que passa a avaliar também trabalhos editoriais veiculados em mídia digital.
Mudança de nome
O festival, como um todo, tem se atualizado muito nos últimos anos. A inclusão da palavra Publishing na categoria Print vai além da simples troca de nome. Com a mudança, a ideia é que os jurados avaliem não apenas a mídia impressa, mas também material editorial. Isso quer dizer que poderemos premiar peças digitais editoriais ou plataformas digitais com editorial diferenciado e até projetos de branded content. É claro que anúncios impressos continuam a ser muito relevantes, afinal, eles fazem parte da essência do mercado publicitário, mas a categoria Print & Publishing vai além do papel. Eu vejo essa mudança como sendo uma evolução que busca acompanhar as transformações do próprio mercado. E as evoluções tendem a ser positivas.
Ideia
Qualquer campanha, inscrita em qualquer categoria, precisa de uma grande ideia que se adeque ao meio e, de preferência, que possa ultrapassá-lo e se tornar viral. Mas uma grande ideia não é obrigatoriamente tecnológica ou futurista. Pode ser algo simples, que remonte às origens da mídia impressa: um título inesquecível, uma imagem que sintetize de forma brilhante a mensagem de uma marca ou as duas coisas juntas. Se ainda for capaz de encantar o consumidor a ponto de transformá-lo em mídia – que é o que ocorre quando ele compartilha nas suas redes sociais –, aí, com certeza, passa a ter grandes chances.
Desempenho
De maneira geral, o Brasil tem um histórico de bons resultados nessa categoria, o que torna a minha participação no júri ainda mais interessante. Neste ano, porém, o país está vivendo um momento delicado e não sabemos como isso impactará no desempenho das agências. Além disso, em 2015, tivemos uma queda substancial no número de Leões conquistados na categoria: ficamos com apenas 11 prêmios, ante os 22 de 2014. Estou recebendo alguns trabalhos, mas acho cedo para opinar sobre a nova safra.
Reinvenção
O Cannes Lions nasceu colado ao Festival de Cinema de Cannes e soube, ao longo dos anos, reinventar-se em todos os sentidos. As premiações passaram a contemplar as diferentes plataformas disponíveis e houve um enorme investimento na parte de conteúdo do festival, o que incentivou não só os profissionais de agências, mas também os de clientes e de veículos a frequentar a Riviera Francesa nessa época do ano. A conclusão é que Cannes virou um evento de inovação, entretenimento, conteúdo, networking e prêmios. É uma interessante combinação, não?
Experiência
Esta é a minha segunda vez como jurado em Cannes – a primeira foi em 2007, na categoria Cyber. A troca de experiências entre os jurados de todos os cantos do mundo, que vivem culturas e economias diferentes, é extremamente enriquecedora e inspiradora. Na minha opinião, esse aprendizado é valiosíssimo para se manter atualizado numa proporção global.
Dicas
Devo passar a maior parte do tempo dedicado à avaliação das peças. Mas, se pudesse armar uma agenda para o evento, ela incluiria o lendário Sir John Hegarty; Brian Chesky, cofundador do Airbnb; Anderson Cooper, da CNN; Iggy Pop; e, claro, o bate-papo do Maurice Lévy com o icônico produtor de Hollywood Harvey Weinstein.