Com a globalização, a gente incorporou termos e siglas em inglês para designar funções, principalmente as de liderança, no mundo corporativo de grande empresas. E lá vamos nós chamar o chefão-mor de CEO (Chief Executive Officer), o líder de operações de COO (Chief Operation Officer), o de criação de CCO (Chief Creative Officer), o de finanças de CFO (Chief Financial Officer) e assim por diante…

A língua inglesa é de uma simplicidade invejável, o que nos induz a aceitá-la para definir novas atividades e funções, sem pestanejar. Os nacionalistas puristas torcem o nariz para os anglicismos, mas como definir melhor em português, por exemplo, layout, design ou mesmo marketing? Relaxemos e aproveitemos!

Pois bem, o mundo em constante mutação sugere novas funções e nos deparamos agora com a necessidade de encaixá-las na estrutura e determinarmos nomenclaturas adequadas. Tempos atrás, quando eu era um CMO (Chief Marketing Officer), criei uma função que era nova na estrutura da empresa em que trabalhava. Contratei um profissional só para fazer curadoria e gestão de conteúdo.

Chamamos de Gestor de Conteúdo e fomos em frente. Hoje, parece que tal função está bem incorporada nas organizações, não? Vejo agora o crescente aumento de atividades inovadoras que ainda carecem de terminologias e siglas adequadas para defini-las.

O que me faz escrever este artigo é a percepção de relevância de três atividades que devem ganhar peso crescente no mundo corporativo: Experiência, Inovação e Integração. Vamos tentar detalhar cada uma delas.

Penso Experiência como um processo holístico de interação entre marcas ou produtos com seus usuários. Como melhorar a experiência de uso de um produto ou serviço? Qual a experiência em cada ponto de contato? Como melhorá-la ou enriquecê-la?

Isso não deveria ser uma atribuição de um especialista? E como chamá-lo? Chief Experience Officer? CEO? Ops! Já usamos essa sigla e é para o chefão…
Há uma alternativa que funciona para os americanos, que simplificam Experience por Xperience. Aceitando essa expressão informal, teríamos então CXO (Chief Xperience Officer) e resolvemos a questão. Já no campo da inovação, temos igualmente uma atividade que vem sendo cada vez mais valorizada, que todas as empresas deveriam incorporar.

Nesse mundo de mudanças constantes e em ciclos cada vez menores, é primordial para as empresas criar mecanismos para acompanhar ou até se posicionar à frente das tendências.

Não tenho certeza se deve haver um profissional específico para essa função ou se todos os profissionais deveriam incorporá-la nas suas atividades, mas já percebemos movimentos de empresas na criação de uma divisão de inovação.

Assim, o líder dessa atividade poderia ser chamado de CIO (Chief Innovation Officer), mas aí teríamos um conflito com a função do responsável pela área de Informação e Informática, que já ocupa essa sigla para definir sua atribuição. Lançando mão mais uma vez de uma certa licença, podemos usar a sigla CINO, aliás já usada nos EUA.

Vamos agora para a terceira atividade, muito importante para as agências de propaganda ou de serviços de marketing. Refiro-me à Integração. Lidar com um universo crescente de disciplinas, sem dispersão, gera a necessidade de um esforço de integração.

Como integrar as ações on e offline ou o Marketing Direto com comunicação de massa ou ainda a matemática dos logaritmos com a força da criatividade. Que nome podemos dar ao líder dessa atividade?

A sigla CIO já está ocupada, a CINO, idem. Vai ficar meio extensa, mas talvez tenhamos de partir para algo como CINTO (Chief Integration Officer).

Confesso que lancei mão dessa história de siglas muito mais para colocar luz nessas novas atividades, que merecem total atenção dos líderes de negócios. Nessa sopa de letrinhas, o que vale mesmo é a substância dos conceitos e a destinação de foco para o novo.

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda)