Se há um setor e um profissional da atividade publicitária que muito dificilmente será substituído pelo parket digital, ambos estão na mídia: o próprio setor em si e o profissional que nele opera para recomendar as plataformas mais adequadas aos seus clientes-anunciantes.

Qualquer tentativa de encomendar um plano de mídia a um computador, correrá o risco de cair em uma mesmice que valerá para qualquer outro anunciante, seja do tamanho que for e do setor de atividade em que atua.

Se em algumas fábricas a máquina substitui o homem, na propaganda isso tende a ser uma verdade apenas em parte. Por mais simples que seja um plano de mídia, sempre haverá a necessidade de um expert para cobrar até mesmo da mesma perfeita inteligência artificial, uma recomendação de mídia única e exclusiva para determinado anunciante.

Isso só se consegue, com perfeição, através da inteligência humana e mesmo assim com toleráveis margens de erros.

Estamos falando dos dias atuais. É possível que lá na frente, ainda bem distantes dos dias de hoje, o homem em sua totalidade venha a ser superado pela máquina. Hoje, temos aqui e ali setores que já trabalham “sozinhos”, sem a interferência humana, desde que porém programados pelo homem.

Mas, essa conclusão nos conduz à importância (ainda e por muito tempo mais) dos experts profissionais na elaboração dos planos de mídia, onde não se atua apenas na seleção dos meios de maior adequação aos chamados públicos-alvos, mas também e aqui usando o binômio humano inteligência mais feeling (nem sempre redundantes), somados ao indiscutível valor do know-how, para se chegar a um plano de mídia perfeito.

Foi o que o recente Encontro de Mídias demonstrou em suas diversas apresentações, procurando nesta versão atualizar seus próprios dados para avançar no tempo e não ficar para trás.

O comando desse já tradicional evento do mercado publicitário brasileiro, mais uma vez pertenceu ao consagrado profissional do setor Claudio Venancio, que respondendo a uma pergunta formulada pelo PROPMARK, sobre quais as qualidades mais importantes para um profissional do setor hoje, não vacilou: “A necessidade de uma boa formação multidisciplinar”.

Bem, isso não existe em nenhum programa de computador voltado para a elaboração de um plano de mídia. É qualidade do ser humano, intransferível para a máquina. Assim como jamais haverá uma máquina (ainda que computadorizada) que substitua 100% o atleta Neymar em uma partida de futebol, não será possível, pelo menos a curto prazo, programar-se um computador que nos dará – eureka! – um plano de mídia ideal para aquele produto ou serviço do nosso cliente anunciante, com a condição de jamais ter sido utilizado antes.

Ainda de Venâncio: “Existe uma diferença muito grande entre o que era ser mídia na minha geração e o que é ser mídia hoje. Ele precisa saber de economia, ciência social e política, além de um nível de abrangência muito grande”. E, dizemos nós, juntar todo esse cabedal de conhecimento a um determinado feeling, voltado para o perfil do anunciante a ser atendido.

Impossível programar tudo isso em um computador, esperando que ele nos surpreenda com sua imediata resposta. Tudo porque a atividade publicitária vai sempre requerer o atributo que em boa hora se convencionou chamar de criatividade e isso não se encontra em máquina alguma, com exceção da “máquina” que chamamos de ser humano e mesmo assim, talvez infelizmente, em poucos deles.

Na propaganda, a criatividade não se limita à boa ideia do tema comunicativo. Quanto melhor ela seja do ponto de vista “fresh”, mais exigirá do profissional de mídia a quem competirá programar com igual criatividade, a genial mensagem sobre a qual discorremos.

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