Fundador e CEO da Black Influence fala sobre o início da carreira, como jovem aprendiz, o burnout que sofreu em 2019 e o começo da agência

Ricardo Silvestre tem apenas 29 anos, mas já soma 13 só no mercado publicitário. Crescido na periferia de Guarulhos, São Paulo, o executivo iniciou sua carreira no extinto Metrô News, como menor aprendiz.

Logo após, atuou com mídia digital em agências como VMLY&R, Isobar, Tribal, F/Nazca e Africa, até 2019, quando decidiu fundar a Black Influence, agência especializada em influência e comunicação antirracista.

Também CEO, ele destaca que iniciar seu negócio foi resultado da baixa diversidade, mas que também almeja ampliar a ideia de que, mais que uma empresa de diversidade, a Black é uma agência full service, com a proposta de traduzir e valorizar o Brasil.

“Este ano, a ideia é tirar a Black desse lugar de que é  ‘só’ uma agência preta e reforçar que nós oferecemos diversas possibilidades para marcas”, conta.

Você trabalha desde os 14  anos. O que mais te motivou a entrar tão jovem no mercado de trabalho?
Eu sempre digo que a vida começa muito mais cedo para gente do lado de cá da ponte. E comigo não foi diferente. Eu cresci na periferia de Guarulhos, num ambiente muito propenso à escassez de recursos, aquela coisa toda. Mas eu sempre tive um desejo muito grande de trabalhar, de fazer alguma coisa para ajudar meus pais. Então, a partir disso, minha jornada profissional começou muito cedo e, com 14 anos, consegui meu primeiro emprego, como menor aprendiz no Metrô News.

E como surgiu o interesse em publicidade?
Lá eu comecei a me desenvolver na comunicação e também tive meu primeiro contato com a publicidade, mas de um outro jeito. Eu era do administrativo, responsável por cuidar, por exemplo, da comissão dos vendedores de anúncio - que eram publicitários. Foi quando eu comecei a ter uma noção de como as coisas funcionavam e fui picado pelo mosquito da publicidade. Paralelo a isso, eu sempre gostei muito de TV e entretenimento, sempre quis trabalhar com isso de alguma forma. E a publicidade foi o caminho e a forma que eu encontrei de fazer isso, de algum jeito. Eu fiquei no Metro News até passar no vestibular da faculdade, aos 17, com bolsa do Prouni.

Sua experiência em agências já começou durante a graduação?
No primeiro ano da faculdade, eu fui selecionado para fazer um intercâmbio com curso de inglês nos Estados Unidos, por conta do meu desempenho acadêmico. Durou cerca de um mês, mas foi um perrengue absurdo para viajar, porque eles não arcaram com a passagem.

Ricardo Silvestre, fundador e CEO da Black Influence (Divulgação)

Meus pais me ajudaram, a gente fez vaquinha, bingo em casa. Rolou um incentivo muito importante. Mas porque eu tinha certeza de que aquilo ia mudar a minha vida de alguma forma, e, consequentemente, a vida da minha família. E foi dito e feito! Quando eu voltei da viagem, comecei a trabalhar na Y&R, meu primeiro estágio em agência de publicidade.

E o que motivou a sua especialização no digital?
Passei por várias agências trabalhando e olhando para esse lugar de mídia digital. Sempre entendendo a melhor forma de investir a grana do cliente. Como eu estava no mercado, cuidando disso especificamente, também tinha contato com influenciadores e acompanhei um pouco do surgimento desse grupo. Consegui fazer alguns gerenciamentos de contrato ali, para cuidar das marcas que eu atendia e sempre curti muito isso. Então, eu saí da televisão para a internet.

Você ainda é bem jovem e estava acumulando experiências no seu currículo. Por que recalcular a rota?
Eu sempre gostei muito desse mundo de influência, desde quando ele começou a tomar tração no Brasil. Mas, um paralelo importante é: eu trabalhei em pelo menos cinco agências de publicidade, com mídia digital, e sempre fui uma das únicas pessoas pretas. É um desafio enorme se manter, buscar uma relevância e fazer ser visto em um lugar que não é feito para a gente. Como se desenvolver em um lugar que não foi feito para você? Se não tem um líder que se assemelhe a você em algum aspecto? Esse sentimento de não pertencimento começou a pesar, até que na minha última experiência, lá em 2019, eu adoeci. Eu tive um burnout. É humanamente impossível tentar provocar uma coisa onde as pessoas simplesmente não querem. Então, a Black nasceu justamente nesse momento de cura para mim.

Leia a entrevista completa na edição do propmark de 21 de abril de 2025