A S4 Capital, holding de Martin Sorrell, anunciou na semana passada suas principais características e objetivos de negócios. As informações constam de um documento chamado Prospectus, que é destinado a investidores. De acordo com a proposta, caso os investidores interessados nos papéis da empresa aprovem, Sorrell assumirá o cargo de chairman executivo e será o grande líder da empresa que, no dia 27 de setembro, começa a operar oficialmente na Bolsa de Londres.
A grande meta de Sorrell, que abriu o negócio algumas semanas após deixar o Grupo WPP sob acusações de “má conduta”, é criar uma empresa multinacional de comunicação da nova era, com soluções de mídia mais atualizadas, com uso de dados, conteúdo e tecnologia. A S4 Capital terá atuação para clientes multinacionais e locais, além de foco em marcas que se comunicam com millennials. O objetivo da empresa é crescer através de uma estratégia agressiva de aquisições e criar valor para os acionistas.
O novo grupo de publicidade vai oferecer serviços de marketing digital e pretende competir com consultorias como Accenture, Deloitte e IBM. As agências também serão concorrentes, já que a visão da S4 Capital é de que os clientes estão buscando empresas de mídia digital diretamente, sem o intermédio delas. São mencionadas também empresas de inovação e tecnologia como R/GA, Sapient Razorfish, DigitasLBi e AKQA, que pertencem a grandes holdings da publicidade como WPP, Publicis e Interpublic.
De acordo com o documento, Sorrell será dono de 18,16% do capital da nova empresa, e de um salário anual de £ 100 mil. Seu contrato terá, inicialmente, duração de três anos. Sob o ponto de vista contábil, a S4 Capital terá todas suas operações sob o mesmo demonstrativo de resultados, o que difere do formato tradicionalmente desenvolvido no setor de comunicação, em que cada agência respondia por seus resultados.
A S4 Capital chegou ao mercado de comunicação já com uma aquisição de peso, efetuada em julho: a produtora digital holandesa MediaMonks, comprada por € 300 milhões, após uma disputa que envolveu o WPP, grupo fundado e conduzido pelo próprio Sorrell por 33 anos, período no qual ele comprou grandes agências de publicidade como Ogilvy, Y&R e J. Walter Thompson, além de empresas como a TNS, do segmento como o de pesquisa, e de adquirir participação em companhias da mídia, como a Vice.
No caso da S4 Capital, Sorrell vai conduzir aquisições mais segmentadas e de valor menor, em setores como conteúdo, data analytics, planejamento de mídia e compra de mídia digital. A própria MediaMonks já trouxe consigo outras empresas compradas nos últimos anos e que, agora, já são parte da nova holding. São elas a Superhero Cheesecake, empresa de experiências interativas, a Made.For.Digtal e a eBuilders, ambas produtoras. Vale ressaltar que a MediaMonks está presente no Brasil, o que já garante a presença da S4 Capital no país desde seu início.
Enquanto visa aquisições, a holding tem como objetivo vitaminar a operação da MediaMonks e de suas outras empresas, ampliando o número de clientes e de países em que opera. Um dos riscos avaliados na empresa é que o maior cliente corresponde a 10% das receitas o que, no caso do fim da parceria, pode trazer grande queda à S4 Capital. Dentre as marcas atendidas pela MediaMonks estão Adidas, Amazon, General Electric, Google, Hyundai, IBM, JAB, Johnson&Johnson, 3G e Weber. Outro objetivo da S4 é atrair e reter talentos, especialmente os principais executivos da MediaMonks que venderam sua participação na empresa.
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