Diversidade cultural? Só São Paulo tem. Serviços a qualquer hora? Só São Paulo tem. Comidas de todos os tipos? Só São Paulo tem. Essas e muitas outras ofertas da capital paulista fazem com que o Brasil a considere referência de modernidade e qualidade, reforçando a ideia de que “só São Paulo tem” tudo para todos.
Se a cidade fosse um país, ela estaria entre as 50 maiores economias do mundo. A comparação é feita por um estudo da Fecomercio-SP, que analisa o PIB, de R$ 571 bilhões, e a população, estimada em quase 12 milhões de pessoas, segundo o IBGE. A capital paulista estaria posicionada, em um ranking fictício, na 43ª posição, entre a Finlândia e a Grécia.
E, como não poderia ser diferente, o potencial consumidor oferece amplo campo de atuação. O comércio varejista deve faturar, em 2016, R$ 160 bilhões, com vendas de R$ 438 milhões por dia e um pouco mais de R$ 5 mil por segundo, isso de acordo com a PCCV (Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista), elaborada pela federação. Apesar de os números serem robustos, o varejo fechou 2.491 vagas na cidade, em que a ocupação formal atingiu 666.264 empregados.
Ainda assim, “São Paulo é a Nova York da América Latina”. Esta afirmação é do professor de ciências sociais e do consumo da ESPM, Fabio Mariano (ele também analisa o mercado de consumo na página 50), que considera a cidade com maior potencial que Buenos Aires, na Argentina, e Cidade do México, no México. “São Paulo é referência, o lugar onde se encontra de tudo. É antenada e aberta para receber qualquer tipo de novidade”.
Essa, no entanto, não é uma exclusividade. Grandes cidades espalhadas pelo globo carregam essas características. Atualmente, São Paulo está contaminada por uma tendência mundial que estimula seus moradores a cultivar os espaços públicos e abertos, ressalta Mariano.
Esse novo estilo de vida vem refletindo na administração pública, nas iniciativas dos moradores e nos hábitos de consumo. Os interesses dos paulistanos estão mais voltados ao bem-estar, a explorar a cidade e a procurar por serviços personalizados e originais.
“As ciclovias são um exemplo disso. Os fechamentos da Avenida Paulista e do Minhocão nos domingos fazem parte desse movimento. Os food trucks encontraram seu espaço trazendo serviços comuns com novas experiências”, pontua Mariano.
A Virada Cultural e a Virada Sustentável seguem essa linha e são organizadas pela Prefeitura. Outra observação feita pelo professor é o crescimento do Carnaval de rua em São Paulo, antes pouco frequentado. Na periferia, os saraus de poesia e música reúnem as comunidades em espaços públicos e praças da cidade.
“A diversidade faz o paulistano comprar. O espaço fechado não vai roubar o espaço aberto, mas a tendência está para o crescimento das lojas de rua. Ao fechar a circulação de carros pelas vias, por exemplo, não existe prejuízo para o comércio, pois aumenta a circulação de pessoas”, explica Mariano.
Ao procurar por opções inusitadas que seguem esse conceito, o paulistano pode encontrar o BTNK, que fica dentro de um vagão de trem nos trilhos da Mooca. O projeto, idealizado por Marco Assub, Mariana Bastos e Ian Haudenschild, duraria apenas três meses, mas se transformou em seis, e vai encerrar sua temporada em maio de 2016. O nome, que vem dos “beatniks” de São Francisco, e é uma experiência envolvendo gastronomia, storytelling e música, em uma releitura inspirada na geração beat.
A Heineken também se apegou aos espaços abertos e misturou música, drinks e vistas de tirar o fôlego. O Up on The Roof tem curtas temporadas e já levou convidados aos terraços de prédios históricos, como Edifício Planalto, Edifício Martinelli e, neste ano, para o Mirante do Vale.
Para quem procura ambientes tradicionais de varejo, a 25 de Março é um espaço de vendas que abastece todo o Brasil com produtos nacionais e importados. A popularidade está, sem dúvidas, na oferta de artigos de baixo custo, muitas vezes vindos da China e do mercado informal.
Analisando esse e outros pontos de vendas, como a região do Brás, que concentra a indústria de moda, e da Santa Ifigênia, o ‘paraíso dos eletrônicos’, Mariano avalia que a ilegalidade no comércio não é exclusividade de São Paulo. “Isso ocorre em todas as grandes cidades. A comercialização movimenta a economia, mas é uma questão ética. O estado pode deixar de receber e o consumidor não está protegido”, analisa Mariano.