Em julho, o SaveMe completa três anos. Fundado pelos publicitários Guilherme Wroclawski e Heitor Chaves, o portal, que reúne os sites de compra coletiva do Brasil, acaba de firmar uma parceria com o TripAdvisor e planeja cada vez mais se adequar às necessidades do consumidor. Inicialmente conhecido como ZipMe, o projeto mudou de nome ainda em 2010, quando associou-se ao Buscapé. Era a época do “boom” da compra coletiva e muitos dos estabelecimentos, despreparados para enfrentar a euforia dos clientes, pecaram na qualidade de atendimento, gerando inúmeras reclamações em órgãos como o Procon. Hoje, após o frenesi inicial, o setor consolidou-se como fornecedor de serviços, agregando produtos do varejo a preços convidativos, com boas experiências para todos os lados envolvidos. Em conversa com o propmark, Chaves avalia o atual momento e revela os próximos passos do SaveMe.
A ideia
“Nos conhecemos [ele e Wroclawski] na faculdade. Já tínhamos vontade de investir em um negócio próprio, mas ainda não sabíamos no quê. Quando ambos deixamos os empregos, resolvemos retomar a ideia. Na época, os sites de compra coletiva faziam muito sucesso nos Estados Unidos e pensamos que talvez fosse o momento de trazer o projeto para o Brasil. Nós criamos o Coletivar, mas muitos tiveram o mesmo ‘clique’ e foram mais rápidos. Em poucos meses, endereços como Peixe Urbano e ClickOn já colecionavam milhares de acessos e investimentos. Nesse sentido, sofremos com o timing, pois não tínhamos noção da importância da velocidade na internet. Enquanto estudávamos para montar um produto de qualidade, outros simplesmente montaram e foram se ajeitando conforme o cenário pedia.”
A saída
“Perdemos tempo. Tínhamos que fazer algo diferente: um lugar onde pudéssemos colocar a oferta de todo mundo, inclusive do nosso site. O ‘boom’ do setor nos pegou de surpresa. O que aprendemos com nossa pesquisa para o Coletivar, colocamos em ação no SaveMe, então conhecido como ZipMe.”
Investimento inicial
“Quando escolhemos investir em internet, esse foi um dos pontos considerados. Gastamos apenas entre R$ 4 mil e R$ 5 mil para colocar o SaveMe no ar. Inauguramos o site em julho e, em três meses, tínhamos quase 30 mil unique visitors por dia.”
Sociedade
“O sucesso dos primeiros meses chamou a atenção do Buscapé, que se tornou nosso sócio. Antes disso, ainda trabalhávamos de casa: finalmente teríamos um escritório, uma área de RH e jurídica, o apoio de gente que trabalhava com internet há mais de dez anos. Tudo isso com certeza fez diferença para o negócio acontecer.”
Faturamento
“No primeiro ano, foi nulo. Apenas no segundo ano começamos a criar um modelo de negócio e passamos a ter algum faturamento. Em 2012, crescemos 40% em relação a 2011.”
O ciclo
“Entre 2010 e 2011, o país sofreu uma invasão de sites de compras coletivas. Em três anos, surgiu um mercado de R$ 1,5 bilhão. Esse era um negócio novo, por isso ninguém sabia exatamente o que viria pela frente. Sites e estabelecimentos não estavam preparados. O excesso de ofertas vendidas acabou gerando diversas queixas de mau atendimento e abriu espaço para empresas de má-fé, que vendiam pacotes de viagem ‘fake’, por exemplo. Hoje, o panorama é outro: o comerciante entendeu que vale mais a pena vender 100 ou 200 cupons em vez de três mil de uma vez e entrou em acordo com os parceiros; eles, por sua vez, desenvolveram maneiras de detectar a legitimidade das empresas que oferecem as ofertas. Eu diria que a compra coletiva foi a primeira semente de um mercado gigantesco de compra de serviço. Teve empresa de compra coletiva que, em apenas um ano de funcionamento, computava mil funcionários.”
Varejo
“O SaveMe ultrapassou a linha da compra coletiva de serviços e virou um canal de descontos. O interesse do varejo foi natural. Graças ao Buscapé, tínhamos um grande canal de contato com os varejistas e decidimos aproveitá-lo. Agora, é possível encontrar produtos diversos a um preço bastante convidativo.”
Código de desconto
“Lançamos uma seção chamada ‘Outlet’, onde vamos disponibilizar dezenas de códigos promocionais oferecidos pelas redes de varejo. Para o consumidor, basta entrar, copiar e colar no espaço determinado pela loja escolhida. Tudo que tiver de código de descontos, vamos agregar.”
África do Sul
“Estamos presentes lá desde o final de 2011. Aproveitamos a oferta do Naspers, investidor sul-africano que comprou 91% do Buscapé. A internacionalização não era um objetivo inicial, mas a chance pareceu muito boa. Agora já consideramos expandir para outros países.”
Mercados quentes
“São Paulo e Rio de Janeiro, claro, são os principais mercados para o setor. Mas também temos bastante penetração em cidades como Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza e Recife.”
TripAdvisor
“Nossa parceria com eles faz parte do posicionamento de promover uma experiência cada vez mais completa para o usuário, que poderá ler comentários diversos a respeito de ofertas e locais oferecidos nos pacotes de viagem. Mais para a frente, queremos incluir reviews relacionados à beleza e gastronomia. Além disso, já disponibilizamos o recurso do mapa em nossa home, que aponta as ofertas disponíveis próximas ao local onde o cliente está. A tendência é que fiquemos cada vez mais personalizados e os e-mails com dicas sejam enviados para perfis específicos.”
Portfólio
“Compramos o Moda it (agregador de blogs de moda) em 2011, por acreditar que este é um segmento em crescimento no mundo. No ano passado, adquirimos o Cuponeria, vencedor do concurso “Sua ideia vale um milhão”, promovido pelo Buscapé. Este foi o primeiro caso de uma empresa comprada pelo Buscapé que comprou outras empresas lá dentro.”