Nada me inspira mais do que uma boa risada. Antes de te contar os meus motivos, dou explicação científica pra isso com a ajudinha do neurocientista cognitivo americano Scott Weems.

Autor do livro Ha! The Science of When We Laugh and Why, Weems garante que rir nos torna mais criativos e saudáveis, oxigena o cérebro e faz com que a gente pense melhor.

Para ele, rir é coisa tão séria que ele passou 12 anos estudando o cérebro e o humor.

Deixando os livros de lado, um certo dia, trabalhando numa concorrência daqueles clientes que são atendidos por mais de uma agência, a apenas quatro dias da apresentação, nos reunimos numa sala para discutir os novos caminhos e chegar à triste e difícil conclusão de que ainda não tínhamos nada.

Consciente da situação, o diretor de criação começou a rir. No começo, uma risada comedida. Daquelas que parecem mais uma risada de desespero, sabe?

Você certamente já passou por isso. Mas o riso foi ganhando forma, volume e tom. E, claro, começou a contagiar. Um por um fomos sendo contaminados. Aos poucos.

E a risada – ou o desespero, vai saber – se tornou coletiva – ou coletivo, não importa. Não agora.
Todos naquela sala passaram alguns minutos rindo, rindo, mas rindo muito. Até perder o fôlego. Teve gente chorando de rir, mesmo sabendo queríamos pra não chorar. Aí a gente ria mais. De desespero? Vai saber. Sei que a gente riu até não poder mais.

Já recuperados, lágrimas enxugadas, corpos recompostos, voltamos a trabalhar. Que outro jeito?!
Acredite, em menos de uma hora pós-crise de riso encontramos a ideia que tanto procurávamos. O diretor de criação aprovou. O cliente adorou. A campanha saiu. E aí a gente riu foi de alívio mesmo.

Com certeza meu amigo Scott Weems sabe explicar melhor e mais bonito que eu como essa risadaria coletiva foi eficiente para resgatar nossa mente exausta e desesperada e trazê-la ao equilíbrio necessário para seguir em frente.

Mesmo sem saber detalhes de como funciona isso no cérebro, a partir daí tenho tentado criar ambientes de trabalhos mais leves e divertidos, em que as pessoas possam se inspirar no riso, na piada, com leveza.

Scott Weems não chegou a essa conclusão rindo por aí, como eu. Se não quer acreditar em mim, acredite nele, pelo menos.

E para não ser pregador de um mundo real que não conversa com o virtual, o WhatsApp se tornou uma fonte de inspiração também.

Pare para pensar na velocidade em que o brasileiro mostra sua criatividade ali. O assunto começa a ser falado na TV e nos jornais e lá vem a primeira piadinha, memes, vídeos, GIFs, trocadilhos, produzido numa velocidade de dar inveja a qualquer estúdio de Hollywood.

Ok, não estamos falando de qualidade. Mas atinge a massa (e praticamente de graça). Ok, de novo, tem muito lixo que se você ri é de nervoso ou vergonha.

Mas sempre vem um ou outro que você adoraria ter feito, vai dizer que não?!

Seja pela ideia, pela produção rápida e efetiva ou mesmo pelos desdobramentos tão diferentes de um mesmo tema que te faz lembrar da dificuldade que você teve para desdobrar aquele conceito daquela campanha que quase não saiu… Lembra?!

De novo, diante de algumas ideias que circulam nos grupos de WhatsApp, bastam alguns cliques para estar todo mundo rindo junto, numa risada coletiva que contagia o ambiente, seja real ou virtual, e faz acontecer aquilo que meu amigo Scott Weems tanto estudou.

E que, para mim, não passa de uma fonte de inspiração.

Que assim seja.

Bruno Brasil é sócio e diretor de criação da Ideia 3

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