A mobilidade urbana sofre uma transformação em todo o mundo, mas no Brasil ela tem características particulares que ajudam a acelerar a adoção de aplicativos e novas formas de transporte. Um estudo do IDC, encomendado pelo PayPal e divulgado na semana passada, trouxe alguns dados que indicam hábitos de consumo e de pagamento no uso de serviços de táxi, ônibus, carros compartilhados, patins, bicicletas e outros modais.

A pesquisa identificou os meios de pagamento mais comuns dos brasileiros quando usam serviços de compartilhamento de carro e apontou que 69% dos consumidores preferem pagar as corridas em dinheiro, contra 19% que usam o app e 11% que preferem pagar via cartão de crédito ou débito. Entre os métodos de pagamento online mais tecnológicos atualmente à disposição dos respondentes, as carteiras digitais são as mais usadas, com 38%, seguidas pelo QR Code, com 25%; e o NFC aparece com 9%.

Entrevistados disseram já ter usado um serviço de táxi ou carro compartilhado por causa de atrasos no sistema de transporte público

O IDC identificou ainda fatores que fariam as pessoas desistirem de usar dinheiro vivo para se apegar às novas tecnologias para pagamento. Foram 49% os que responderam que “seria muito mais provável” que usassem o app caso ele oferecesse uma primeira corrida grátis. As razões que levam as pessoas a usar apps para pagamento de mobilidade urbana passam, principalmente, pelo sentimento de maior segurança (75%), facilidade e rapidez (67%) e por não sair de casa com muito dinheiro no bolso (52%).

“A pesquisa demonstra que ainda há muito espaço para esse setor de mobilidade crescer no país. E também para as tecnologias de pagamento online. Temos certeza de que as carteiras digitais são o futuro dos meios de pagamento em todas as latitudes”, diz Thiago Chueiri, diretor de desenvolvimento de negócios do PayPal Brasil.

Hábitos

As formas de pagamento têm relação também com novos hábitos dos consumidores em relação ao transporte do dia-a-dia. Uma das conclusões do estudo tem a ver com as migração e integração no uso dos modais, por causa das facilidades trazidas pela tecnologia. 

Os problemas do modal de ônibus e metrôs, como atrasos e interrupções, causam parte da migração, já que cerca de 41% dos entrevistados disseram já ter usado um serviço de táxi ou carro compartilhado por causa de atrasos no sistema de transporte público, enquanto 68% disseram que estão usando menos esse modal graças à maior variedade de meios de transporte disponíveis em sua cidade. Até mesmo as bicicletas estão ajudando a mudar hábitos, pois 67% dos entrevistados passaram a ver as bicicletas que se pode pegar e largar em qualquer ponto da cidade como ótimas opções de transporte nos grandes centros urbanos.

A migração de modal não significa crise para o transporte público, mas desde que ele se adapte às novas tecnologias. São 77% os entrevistados, por exemplo, que afirmam que a opção de pagar via app pelo ônibus ou metrô seria um incentivo a mais para usá-lo.

Um fator importante na escolha do modal de transporte é seu impacto na vida e no meio-ambiente. São 86% os entrevistados que dizem considerar o custo, contra 88% que avaliam a rapidez como fundamental, 60% levam em conta o impacto em sua saúde e outros 49%, o impacto do modal no meio-ambiente. No entanto, embora haja preocupação ambiental, é baixo o costume de dividir corridas de carros, pois 73% viajam sozinhos mais de 80% das vezes, e apenas 12% dividem o carro com desconhecidos em pelo menos metade das viagens.

O IDC e a PayPal apontaram como funciona a relação das pessoas com seus apps. Gira entre dois e três o número de aplicativos de mobilidade que cada usuário tem em seu smartphone. Essa foi a quantidade apontada por 61% dos entrevistados, contra 37% que têm apenas um app, e somente 2% que ultrapassam a barreira de quatro apps.