A Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas de 2016, megaeventos que têm dominado a pauta no Brasil, especialmente pelas dúvidas sobre a capacidade de o país entregar eventos com alto padrão de qualidade, foram os temas centrais do “Seminário de turismo e negócios – o poder dos eventos globais”. Entre as apresentações, Christopher Rodrigues, chairman do Visit Britain, falou do trabalho que o Reino Unido tem desenvolvido para receber as Olimpíadas de Londres e garantir um legado positivo. O evento aconteceu nesta segunda-feira (9), com realização da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação e organização da XYZ Live.

Rodrigues disse que a união política, composta por Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte, trata o evento como uma oportunidade de aproximar-se dos turistas por meio dos eventos esportivos, logo que cerca de 4,5 bilhões estarão acompanhando as transmissões. Como reflexo, um plano de comunicação foi desenvolvido envolvendo 25 milhões de libras esterlinas em quatro anos para melhorar a imagem do país, em que se destacam os pontos de cultura, tradição, compras, música, esporte, interior, negócios, criatividade e inovação. A famosa característica de não muito afeitos a receptividade, por exemplo, foi atacada com a presença de personalidades contando sobre as suas respectivas “Inglaterras” e dando as boas-vindas aos visitantes.

A estratrégia demonstra um pensamento a longo prazo, em que se busca o retorno do turista em momento posterior e a maximização dos benefícios econômicos. “Queremos que todos os pontos históricos sejam lembrados. Vamos trabalhar em cima disso”, disse Rodrigues. Se vislumbra ainda melhorar a imagem do conjunto de ilhas como destino de estudos, negócios e lazer. “É uma maratona. É preciso que todas os operadores de turismo trabalhem juntos”, explica sobre o conjunto de perspectivas.

Para ele, eventos anteriores realizados pelo Reino Unido, como o Commonwealth Games, na Inglaterra, o Homecoming Scotland, na Escócia, e o Ryde Cup, no País de Gales, foram importantes para se entender a mecânica de grandes espetáculos. “Como lição, aprendemos que cada evento é único”. Segundo Rodrigues, investimento pesado em infraestrutura, trabalho em parceria com a mídia e ações pensando o pós-eventos são essenciais. “Não acreditem que vocês ficarão milionários com a Copa. Os outros 320 dias do ano precisarão do seu trabalho árduo para conseguir fechar a reserva dos quartos”, disse à plateia formada por profissionais dos mercados de turismo e negócios.

Maratona infinita

Para Jay Neuhaus, diretor de marketing da Fifa para a Copa de 2014 e debatedor na apresentação de Rodrigues, o mais importante é o que a Copa e as Olimpíadas deixarão para a história do país. “É uma maratona que não acaba, um legado”. Segundo ele, o país precisa se preparar para uma “forte ressaca”, passados os eventos. Os principais legados, de acordo com Neuhaus, são a mensagem que passará ao mundo, o conhecimento, a infraestrutura e experiência gerada para o torcedor.

“Todo mundo conhece o Rio de Janeiro, mas ainda há outros tesouros que não foram descobertos pelos turistas”, afirmou, apontando para o projeto de comunicação que o País precisa empreender para comunicar outras opções turísticas. Em experiência de torcedor, ele disse que o relacionamento não deve se dar somente com a venda do ingresso. “Precisamos interagir com os torcedores, oferecer comida, banheiros de qualidade. Realmente é importante o Brasil atender estes pontos até o início da Copa”.