Armando Ferrentini, diretor-presidente e publisher do PROPMARK
(Foto: Alê Oliveira)

Foi muito além do que poderíamos esperar a repercussão e a quantidade de manifestações que recebemos de todas as partes do mercado brasileiro de publicidade em apoio ao Editorial da nossa última edição, que descreveu o sério aperto vivido pela publicidade em nosso país.

Considerada uma das mais criativas e premiadas do planeta, sendo anualmente destacada no Cannes Lions e em outros festivais que julgam a qualidade criativa e a eficácia da publicidade feita no Brasil, ela se defronta hoje com a possível condição de vítima maior da séria crise econômica que se abateu sobre o país.

Há sem dúvida muitas coisas para isso, nenhuma porém que justifique o quadro recessivo instalado, pois é sabido que uma das principais armas utilizadas em países de grande desenvolvimento, quando são afetados por crises dessa natureza, é o recurso à publicidade.

Através dela e do seu incremento, a História registra inúmeros casos de abrandamento das dificuldades de mercado por meio do uso mais frequente do arsenal publicitário.

Em nosso país, lamentavelmente, o novo governo que se instalou em Brasília a partir de 1º de janeiro tem procurado fulminar o uso da propaganda nas empresas sob o seu controle e professar a ideologia do medo sobre os seus defensores, sob a alegação assim agindo de consolidar o seu combate à corrupção.

Para quem milita no setor, trata-se de mais uma aberração de um governo que muito prometia, mas que em certos aspectos destaca-se por enfiar os pés pelas mãos, como no caso da sua intolerância com a publicidade.

Talvez influenciado por fatos transcorridos lá atrás, envolvendo algumas poucas agências de propaganda, que se deixaram levar pelo canto da sereia da corrupção e cederam à possibilidade de um enriquecimento ilícito, aliando-se a representantes de anunciantes de governo para a prática sempre nociva e condenável da corrupção.

A verdade é que o governo de Jair Bolsonaro se indispôs com a atividade publicitária – uma das mais importantes do país para o estímulo do consumo e geração de riquezas, além do significativo aumento de conhecimento que proporciona, no caso do Brasil, aos seus habitantes.

Lembramos no último Editorial de algumas das muitas demonstrações concretas de S.Exa. que revelam o seu pensamento contrário a essa atividade que os países mais desenvolvidos do planeta, mais e mais dela fazem uso.

Lembramos da diminuição drástica imposta pelo seu governo ao marketing da Petrobras, por exemplo, possuídora de uma série imensa de produtos automotivos que disputam o mercado com a concorrência de origem estrangeira, devendo estar perdendo ponto a nossa Petrobras para os mesmos, pois sua atividade publicitária reduziu-se de forma incompreensível.

No setor bancário, um dos mais concorrenciais do mercado brasileiro, ocorre o mesmo, com o Banco do Brasil e a Caixa tendo a sua propaganda enfraquecida, igualmente em um mercado altamente concorrencial.

Além disso, o governo de Jair Bolsonaro – que tem se mostrado sério no combate à corrupção e na ausência de graves e frequentes acusações contra si, no que se refere à subtração de recursos públicos – procura inverter a ordem capitalista oficial, que determina a aplicação dos recursos oficiais na melhoria geral do país, muito possivelmente com receio de alimentar o fantasma da corrupção.

Não é essa a melhor forma de se combater o desvio dos recursos públicos. Um relógio parado não atrasa nunca, mas não marca o seu tempo.

Como este periódico pertence ao mundo do marketing e da publicidade, preferimos ficar com as nossas críticas apenas sobre esse setor falho do governo, estranhando porém que as lideranças publicitárias não se movimentem contra essa paralisia do setor público, no que diz respeito ao incremento das suas ações de divulgação de produtos e serviços por ele explorados.

Em resposta ao nosso Editorial da última semana, recebemos inúmeras manifestações dos leitores, reconhecendo a falha oficial no setor e estimulando-nos a prosseguir nessa batalha que abraçamos e faz parte das obrigações de qualquer órgão noticioso, pouco importando o principal segmento ao qual se destina.

No caso da propaganda, que já vem sofrendo um estrangulamento de verbas devido à crise econômica que castiga o país há tempo e se acentuou nos últimos três anos, o governo deveria rever os próprios conceitos e estimular a prática da atividade, que pode ajudar – e muito – a diminuir as consequências da crise econômica que se abateu sobre o nosso país e não é, em absoluto, culpa do governo atual.

Para isso, porém, tem de se mexer, tem de investir, acelerar as reformas tão necessárias e voltar a investir em publicidade, lembrando-se de exemplos históricos oferecidos por países que se tornaram mais adiantados que o nosso.

Ao término da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, o governo americano investiu milhões de dólares procurando convencer sua população a comprar e consumir. Porque, se se mantivesse de braços cruzados, esperando que com o fim do grande conflito as coisas fossem melhorando por si só, é possível que acontecesse, mas demoraria muito mais tempo do que de fato levou a recuperação econômica dos Estados Unidos, que não tiveram a guerra em seu território, mas investiram bilhões em recursos para estagnar a escalada do Eixo.

Para finalizar, ao vermos o vice Mourão palestrando para uma grande plateia de empresários na última quinta-feira no Hotel Unique, em São Paulo, evento organizado pelo site Money Report, do jornalista Aluízio Falcão, pudemos sentir a diferença de pensamento entre o titular e o vice, Hamilton Mourão, que proferiu uma verdadeira aula de economia em grau de mestrado aos presentes.

Queremos dizer com isso apenas o seguinte: que o presidente Bolsonaro ouça mais o seu vice e menos os seus filhos.

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O PROPMARK festeja e agradece a notícia que nos foi dada por Celio Ashcar Júnior, chairman da Ampro Live Marketing: “No próximo dia 11 de novembro, por ocasião do 4º Congresso Brasileiro de Live Marketing, a Ampro fará algumas homenagens ao longo do evento, para alguns parceiros importantes, que dentro das suas respectivas diretrizes editoriais e mercados de atuação, têm contribuído para enriquecer o debate e o próprio desenvolvimento do nosso mercado de Live Marketing. E é com muito prazer que queremos convidá-lo para receber essa homenagem em nome do PROPMARK”.

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Nossa matéria de capa destaca como o meio rádio soube se reinventar, enfrentando com sucesso as transformações ocorridas na mídia com o crescimento do digital. A explosão de conteúdo com podcasts fortalece o meio, com as plataformas de tecnologia e formatos inovadores ampliando as possibilidades para a produção em áudio.

Quem disse que o rádio ia morrer, já morreu.

Armando Ferrentini é diretor-presidente e publisher do PROPMARK (aferrentini@editorareferencia.com.br).