O ‘batismo’ de uma marca é um dos seus processos mais importantes, pois o nome é que definirá o seu ‘brand’, ou seja, a sua cara para o mercado. Consequentemente, todas as campanhas também irão carregar essa assinatura – que pode ser bendita ou, no caso do restaurante Senzala, não tão benquista assim.
Alvo de apedrejamentos de ativistas durante protestos contra as reformas trabalhista e da previdência, o empreendimento no Alto de Pinheiros, em São Paulo, carrega a controvérsia no nome. Ele é rotulado de racista e a sua nomenclatura é constantemente comparada com a de Auschwitz, campo de concentração nazista que dizimou milhares de judeus na Segunda Guerra.
Da senzala para o twitter
A discussão dominou as redes sociais. Teve quem defendesse a escolha do nome Senzala, definido pelo dicionário Michaelis como “conjunto dos alojamentos destinados aos escravos” por sua herança cultural, que “remete à comida caseira”; e outros que criticaram o estabelecimento pela associação com o período escravagista do País.
Casos como esse reforçam a importância de um processo de naming bem estruturado. Afinal, o nome da marca deverá comunicar os principais aspectos do seu modelo de negócio e é fundamental que isso seja propagado de maneira eficaz e totalmente assertiva.
O naming de uma marca não pode deixar margens para erros; por isso, posicionamento, visão de mercado e futuro e esfera de atuação devem ser visados. Para os profissionais de propaganda e marketing, recomenda-se muito bom senso e vontade de fazer certo.
O case Senzala é emblemático por dois fatores preocupantes: desimportância e inconsequência. É essencial ter em mente que todas as decisões terão algum tipo de impacto e que os negativos poderiam ter sido evitados, caso os interesses tivessem sido exercidos de maneira saudável.
Seriedade e processos devem pautar criação de naming
O grande advento digital e a viralidade da comunicação social na web aproximam soluções e conflitos. Realizar uma boa pesquisa para evitar polêmicas é a solução, inclusive, conectando dúvidas ou empecilhos. Nessa hora, fazer o certo pode até ser mais processual e demorado, mas certamente evitará problemas futuros.
Recomenda-se que a marca evite mostrar sua imponência ou similaridade com empresas já bem posicionadas. Afinal, copiar completa ou parcialmente, sem os devidos créditos ou autorização do autor é crime com pena prevista em lei.
Controvérsias podem ser evitadas com mudanças comportamentais que devem ser adotadas por profissionais de comunicação e empreendedores. É fundamental que a cultura de “fazer dar certo e acontecer” sem importar-se devidamente com as consequências seja mudada o quanto antes.
Ela é uma das principais causas dos conflitos sociais e culturais, inclusive econômicos. Por isso, a importância de rever nossas decisões e de nos responsabilizarmos de que não estamos sozinhos, mentalizando que o coletivo sempre terá sua força e seu devido respeito.
Alex Cavalcante é publicitário, Diretor Executivo de Planejamento e Criação na PRODUZA, Tutor, Mentor & Coach pela Lumen Development Institute e Instrutor na Cavalcante Training