O Brasil tem 577 shoppings e em março todos foram fechados para conter o avanço da pandemia de Covid-19. Em abril, Nabil Sahyoun, presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), disse que as lojas deixaram de faturar R$ 20 bilhões em função da paralisia dos negócios.
No fim de abril, aos poucos, alguns shoppings começaram a reabrir. A retomada, no entanto, está sendo gradual e exige diversas mudanças.
Para auxiliar o processo, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) criou um protocolo com mais de 20 medidas. Os tópicos foram inspirados em experiências internacionais e recomendações de especialistas da saúde.
Entre as orientações estão uso obrigatório de máscaras; limitação de 50% a vagas no estacionamento e das mesas nas praças de alimentação; aferição de temperatura nos acessos; higienização geral a cada três horas; controle de acesso aos elevadores; distância de três degraus nas escadas rolantes; e antibactericidas nos tapetes.
Glauco Humai, presidente da Abrasce, afirma que os estabelecimentos estão promovendo um atendimento com muito cuidado. “Os shoppings são ambientes em que as pessoas circulam de forma organizada e espaçada, e estão preparados para realizar as medidas recomendadas pelas Abrasce”, diz. Para o executivo, há plena capacidade de operar de forma segura. “Nosso lema agora é higienização total e aglomeração zero. Temos segurança para receber todos de maneira gradual, onde conseguimos colocar a saúde e a economia no mesmo lado, por meio das medidas de segurança que criamos.”
A brMalls começou a usar câmeras com sensor infravermelho que aferem a temperatura corporal. Cada um de seus 29 empreendimentos terá pelo menos três câmeras. Os primeiros equipamentos serão utilizados pelo shopping de Caxias do Sul (RS) e pelo Shopping Campo Grande (MS), os próximos chegam ao Catuaí, em Londrina (PR) e em Maringá (PR).
A ideia é reforçar a triagem já feita com termômetros manuais. Renato Gaspar, diretor de operações da brMalls, fala sobre a iniciativa. “Procuramos as experiências do mercado asiático de shoppings que tiveram seu funcionamento flexibilizado nas últimas semanas após a queda de contaminação. E acreditamos que a tecnologia ao nosso favor vai elevar o nosso cuidado”, afirma.
O Shopping Frei Caneca iniciou uma operação de drive-thru. Participam lojas como O Boticário, Óticas Carol, Riachuelo, Calvin Klein, Blanc Brinquedos e Le Postiche. O cliente contata a loja, escolhe o produto e agenda a retirada. Andréia Perini, gerente de marketing do shopping, está otimista. “Apostamos no drive-thru como uma alternativa, além do delivery para complementar as vendas online. Acreditamos que teremos a adesão de mais lojistas”, indica.
Vander Giordano é vice-presidente Institucional da Multiplan, dona de 19 shoppings no Brasil. Ele conta que, neste primeiro momento, o tempo de permanência dos clientes no local está menor e as pessoas vão para suprir necessidades.
Em sua avaliação, haverá mudanças de comportamento dos clientes, mas nem todas serão permanentes. “Os shoppings continuarão sendo um destino para quem precisa resolver diferentes questões em um só lugar: ir ao supermercado, fazer exames, movimentar a conta bancária, comprar presentes e fazer uma refeição. Gradualmente, os empreendimentos retornarão suas atividades, sempre priorizando a preservação da saúde de todos. Os novos hábitos de segurança e higienização serão essenciais e passarão a fazer parte do cotidiano. Os shoppings têm capacidade para se adaptar a essa nova realidade e estão preparados para isso.”