O Lide (Grupo de Líderes Empresariais), presidido por João Doria Jr., e o Lide Comércio, liderado por Marcos Gouvêa de Souza, realizaram, nesta quinta-feira (13), o 1º Fórum Brasileiro de Shopping Centers, que terá periodicidade anual. O evento, organizado no Hotel Grand Hyatt, na capital paulista, contou com o governador Geraldo Alckmin na abertura e apresentou temas condizentes com o atual momento do setor, como as influências tecnológicas e tendências mundiais.

Para iniciar os debates, o fórum convidou Marcos Carvalho, copresidente da Ancar Ivanhoe, cuja rede conta com shoppings como Iguatemi Porto Alegre, Rio Design Barra, Conjunto Nacional e Shopping Metrô Itaquera. Em sua apresentação, o executivo enumerou as convergências entre o varejo e os centros de consumo em questão. “O consumidor é o grande ponto de convergência entre as áreas. E ele vem mudando: está cada vez mais exigente; integrado à tecnologia, quase que parte do seu próprio corpo; deseja realização social, segurança, participação em grupos com interesses comuns aos dele. A relação que os shoppings têm de criar com esse consumidor deve ser o mais próxima possível. Este é um personagem que se comunica conosco e com as lojas de cada empreendimento em diversos canais. Ele almeja cada vez mais conveniência e devemos trabalhar para atendê-lo”, disse Carvalho.

O executivo atentou para os diferentes cenários entre as capitais brasileiras e as cidades de interior e frisou que a companhia realiza estudos constantes para entender as principais necessidades e preferências de cada local. “As cidades e o caos urbano favorecem a construção de microrregiões de consumo. Montar o mix certeiro do que o consumidor quer é nosso grande desafio. Fazer com que o consumidor deseje estar no lugar que planejamos é nosso grande objetivo”.

Na sequência, Frederico Trajano, diretor-executivo de vendas e marketing do Magazine Luiza, subiu ao palco para ministrar a palestra “Desafios e oportunidades gerados pelo consumidor digital”. Em seu discurso, ele relembrou parte da história da empresa e levantou alguns números. Atualmente, 744 lojas fazem parte da rede, 15% delas nos shoppings. Do faturamento de R$ 10 milhões, 20% vêm diretamente das vendas pela internet, onde o Magazine Luiza tem investido pesado nos últimos anos.

Segundo o executivo, a loja física manterá sua relevância junto a produtos de migração mais discreta para o online, como os alimentícios. Se os bens de consumo são outros, o modelo deve ser reformulado, tornando-se um local de promoção de experiência. Por conta disso, as lojas no geral devem ter seus tamanhos reduzidos, como muitas marcas já têm feito. Trajano também apresentou cases da rede, como a transmissão via YouTube da Liquidação Fantástica, em janeiro deste ano, o Chip Luiza e o Magazine Você, que permite ao consumidor montar sua própria loja virtual e compartilhar produtos, dicas e avaliações com amigos do Facebook e Orkut.

O 1º Fórum de Shopping Centers também contou com a participação de Renato Rique, presidente da Aliansce, que retomou a história dos primeiros shopping centers e o desenvolvimento do setor em um cenário globalizado. Participante do debate aberto por ele, Sônia Hess de Souza, presidente da Dudalina e do Lide Mulher, atentou para áreas historicamente menos valorizadas e hoje fundamentais para os negócios, como os aeroportos, onde a marca está presente, e bairros distantes da região central das capitais. “Temos um grande exemplo neste sentido, que é o Shopping Bonsucesso (Guarulhos). Em 2006, consideramos que o público habitual seria da classe D e talvez o investimento não valesse a pena. Hoje, é um dos shoppings com maior crescimento no grupo”, disse a executiva.

Convidado para encerrar os painéis, o secretário de segurança do Estado de São Paulo, Fernando Grella Vieira, teve um compromisso em Aracaju (SE) e foi representado pelos colegas Wagner Giudice, diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), e Benedito Roberto Meira, coronel e comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, responsável por satisfazer a curiosidade dos presentes a respeito de um dos assuntos mais quentes relacionados a shoppings recentemente: os rolezinhos.

“De dezembro até agora, tivemos 146 rolezinhos registrados, 35 na zona leste. Entendo que este não é um problema de polícia, é uma questão social. Estes jovens não têm opções de entretenimento e lazer perto de casa. Qual é o lugar mais agradável para eles se divertirem? O shopping. Infelizmente, um grupo resolveu aprontar, causando tumulto, e por isso houve intervenção policial. As ações evoluíram até que o assunto se tornasse parte da nossa rotina. Agora, os rolezinhos acontecem com a polícia à distância. Temos policiais monitorando todos os shoppings onde o movimento tem encontros marcados. Essa mudança de estratégia impactou também este fenômeno social. A polícia não vai reprimir o rolezinho”, declarou Meira.

Ainda sobre o tema, o presidente da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), Luiz Fernando Pinto Veiga, contou que, ao início do movimento, chegou a se reunir com policiais, empresários e representantes dos rolezinhos. “Eles acabaram por fazer propaganda dos shoppings, local que escolheram pelo conforto, ao mesmo tempo em que criticaram os espaços públicos disponíveis em seus bairros. Esses jovens demonstraram que não queriam tumultuar, mas apenas se divertir. Consideramos que a autoridade final eram os proprietários das lojas e decidimos por abafar as ações, sobretudo porque não estávamos preparados para receber tanta gente ao mesmo tempo, e nisso os próprios representantes de rolezinhos com quem conversei concordaram”.

O 1º Fórum Brasileiro de Shopping Centers contou com patrocínio do MDS e apoio da Abrasce, Grupo Tenco, Athié Worhnarath e GS&BW.