Sim, é tudo verdade. O comércio eletrônico ainda não encontrou o caminho do lucro. Sim, também é verdade, e não obstante isso, não para de crescer. E como, por mais absurdo que possa parecer, ainda que na cabeça das empresas fale mais alto ser o maior, não necessariamente o mais lucrativo, o crescimento do ícone do comércio eletrônico incomoda e mexe profundamente, com instituições emblemáticas e líderes do varejo analógico.

Quase como se Amazon e Walmart entrassem num mesmo banheiro para “esvaziar” o tanque. E o Walmart não resiste e dá uma olhadinha no tamanho do pinto da Amazon, que não para de crescer. Exageros e grosserias à parte, é mais ou menos por aí. Coisas de meninos, não de megacorporações.

Em 1994, Jeffrey Bezos – JEF – abandona uma corretora de valores, diz adeus a Wall Street e parte em busca de investidores e do melhor lugar para um novo negócio. Escolhe Seattle e, em julho de 1995, faz o upload da hoje estrela maior do comércio eletrônico. Cinco anos depois, em 2000, contabilizava 1,6 bilhão de dólares de faturamento e 8,4 milhões de clientes. Foi quando o Walmart olhou pela primeira vez com uma certa desconfiança e maior curiosidade para a Amazon. Naquele momento, a maior empresa do mundo faturava US$ 138 bilhões. Deu um sorriso, e seguiu em frente. Mas alguma coisa causava estranheza no gigante, uma espécie de aviso. Mesmo assim, deu de ombros e tocou a vida.

Corta para dezembro de 2014. A Amazon multiplicou seu faturamento de 2000, em 56 vezes, batendo nos US$ 138 bilhões. Já o Walmart bateu nos US$ 486 bilhões, um crescimento de pouco mais de 3 vezes no mesmo período. Aí o gigante se incomodou. Voltou a olhar para um “pinto” que não parava de crescer. Pior ainda, reconheceu que tinha subestimado o comércio eletrônico. Suas vendas no digital eram de “apenas” US$ 12,2 bilhões. Ou seja, eram 10 vezes menores que as da Amazon. Arrependeu-se de não ter levado essa possibilidade mais a sério. E decidiu acelerar.

E é o que está fazendo neste momento. Concluiu que, se nada mudar, em 10 anos, a Amazon, exclusivamente no digital, deixará o Walmart comendo poeira mesmo somando-se sua performance no digital e no analógico. E assim, não há tempo a perder.

Para aniquilar o Walmart “Golias”, o Amazon “David” não economiza. Joga suas margens lá para baixo. Em pesquisa de preço para o New York Times realizada por seu colaborador James B. Stewart, a fotografia foi a seguinte. James escolheu quatro produtos e foi conferir o preço nas duas instituições. Uma lavadora de louças Bosch, uma camiseta da Underarmour, uma Smart TV da Vizio e o livro “Rogue Lawyer”, do escritor John Grisham. Todos os quatro, sem exceção, eram mais baratos na Amazon. A menor diferença, US$ 7, no livro; a maior, US$ 150, na lavadora. E ainda vencia na rapidez da entrega e no preço do frete.

Walmart “Golias” não está dormindo. Muito pelo contrário, não consegue dormir. Neste momento tem um batalhão de engenheiros – 2.200 – no Vale do Silício e amplia seu cloud data center. Mas enquanto os resultados não revelem consistência,  ganhando a aceleração necessária e desejada, não conseguirá recuperar o sono.

Segundo esses artigos que saem a torto e a direito nas páginas de amenidades, a maioria das mulheres não valoriza pinto grande; valoriza a performance e o desempenho. Por que será que as empresas continuam incomodando-se em serem as maiores? “Only God knows”, como diriam os Beach Boys!

Francisco A. Madia de Souza é consultor de marketing, sócio e presidente da MadiaMundoMarketing