A Sky, operadora de TV por satélite, pretende lançar, em breve, uma campanha contra a obrigatoriedade das cotas de produção audiovisual, aprovadas no ano passado na lei 12.485 (do SeAC) e que entram em vigor em 1º de abril. A operadora já entrou com ação na Justiça Federal de São Paulo por causa das cotas alegando inconstitucionalidade. A informação foi divulgada durante o lançamento do Sky Online, o mais novo serviço da operadora.
De acordo com o Luiz Eduardo Baptista da Rocha, presidente da operadora, a campanha tratará de esclarecer aos assinantes as implicações do estabelecimento da medida. Para ele, os valores do TV por assinatura tendem a aumentar com as novas regras. “É um atentado contra as liberdades individuais. Vai ficar mais caro. Tudo será para pior. Estamos brigando pelos nossos clientes e também das outras operadoras”, pontuou.
A ideia é aproveitar o período de consulta pública das instruções normativas, realizada pela Ancine (Agência Nacional do Cinema) até 3 de março, para buscar mudanças. Pelo texto aprovado na lei do SeAC, as cotas para produção nacional partiriam de forma escalonada até ao período 3h30 semanais em 2014 nos canais de conteúdo qualificado. Para cumprimento da determinação, jornalismo e esportes não são aceitos. Há ainda a necessidade da inclusão de canais com produção nacional nos pacotes.
“Queremos deixar claro o que isso significa. Vamos anunciar nos grandes jornais. É uma intervenção. É grave”, criticou Rocha. Segundo o executivo, ele já alertava há alguns anos a preocupação com a presença do Manoel Rangel no posto mais elevado da Ancine, o de diretor-presidente. “Ele tem um viés de controle como o que tinha a União Soviética nos anos 20”, criticou. A afirmação ocorre dias após Rangel afirmar em entrevista à Folha de S.Paulo que a Sky tem uma “postura extrativista”.
Fox Sports
Questionado sobre as negociações com a Fox Sports, o executivo afirmou que a briga também é “100% em defesa do consumidor”. Ele informou que adoraria ter o canal no line-up da operadora, porém, o preço cobrado pelo grupo de Murdoch é “salgado”.
“Eles pensaram em chegar aos 43 do segundo tempo e usar as redes sociais para pressionar”, disse. “Sejam transparentes”, pediu em referência à programadora para abrir os termos e os preços que envolvem a negociação para entrada do canal. Segundo Rocha, o valor cobrado pela Fox Sports é 20 vezes mais do que o cobrado pelo mesmo grupo quando da entrada do Speed, há cerca de três anos, e ainda exigem sua a entrada no pacote básico.
Apesar disso, o presidente da Sky disse estar confiante de que as partes chegarão a um acordo, ainda envolvendo a Copa Santander Libertadores deste ano – que tem seus direitos exclusivos de transmissão nas mãos da Fox Sports.