Muito se fala de reinvenção e do cenário crítico que vive hoje a mídia impressa. Todos querem saber para onde vai esse meio tão tradicional, de imenso valor para a sociedade. Tem de pensar o que fazer para retomar a audiência perdida. Será que está perdida mesmo ou só adormecida? Será que, se mudar o jeito de fazer as coisas, o leitor volta a querer receber a revista ou o jornal em casa? Pode ser. Não adianta investir apenas na versão digital – que veio para acrescentar e não dividir – e deixar o impresso de lado.

Para tanto, é preciso apostar mais do que nunca no bom jornalismo. Reportagem e artigos de qualidade são uma solução mais do que plausível. E, assim que os leitores voltarem, os anunciantes voltam também.

Afinal, a credibilidade do segmento ninguém discute. Quando você lê ou ouve uma notícia, a primeira coisa que se faz é confirmar se ela é verdadeira ou não. E só um veículo de marca consagrada tem essa capacidade. É lá que você se informa e forma a sua opinião. Boas reportagens, bons textos, boas imagens, gráficos que facilitem a retenção da informação são primordiais. Sempre foram.

Vamos pegar o exemplo do tão famoso e bem acabado projeto do New York Times. O investimento na qualidade do produto nas últimas décadas se tornou um case de grande sucesso. Impossível falar do assunto sem mencionar o resultado que o projeto trouxe ao negócio. Enquanto o jornal americano observava o aumento de assinantes e audiência, no Brasil o mercado perdia grandes veículos impressos, de importantes editoras.
Em um momento em que imperam as fake news, quem conseguir manter o nariz fora da água terá grande vantagem no mercado e sobre a concorrência. Quem apostar, vai nadar de braçada em um futuro próximo. A mídia imprensa não vai morrer, como não morreu a mídia exterior, quando foi anunciado o projeto que colocou os outdoors no chão, por exemplo, na cidade de São Paulo. Muitos ficaram pelo caminho, no entanto, os que investiram na qualidade e em novos formatos, respeitando a lei e a opinião pública, se deram bem. O convívio hoje é excelente e a diversificação harmônica.

Do alto de seus 160 anos de vida, o The New York Times virou referência no assunto, nos negócios dentro da área. Segundo dados revelados pela própria empresa, deve fechar o ano com quase 4,5 milhões de assinantes. E mantém meta ousada: alcançar 2025 com 10 milhões de leitores. Como pode chegar lá? Batendo na mesma tecla: qualidade.

O que alguns tentam fazer compartilhando fake news tem objetivo claro: desmoralizar a imprensa. Por sorte, o bom jornalismo vem crescendo e é só o que pode elevar a condição do meio. Só a credibilidade salva! A boa imagem pode levar a novos projetos que gerem renda, como eventos e debates. Mas tem de estar sempre alerta. O publieditorial, por exemplo, pode levar a um engano terrível, quando abusivo. Na ânsia de ganhar, os publishers se deixam encantar momentaneamente e o leitor pode não entender como funciona o “informe publicitário”. Para os leigos, tudo faz parte de um bolo só. Isso pode agregar um resultado não muito confortável ao veículo.