É comum programas da televisão brasileira aproveitarem as mensagens enviadas no Twitter para fazer comentários ou verificar a reação do público sobre o conteúdo transmitido. Nos Estados Unidos, há emissoras que medem a aceitação de candidatos participando de debates por meio do teor dos tweets.
Esse é o conceito de social TV, no qual o usuário da chamada segunda tela assiste televisão e gera conteúdo sobre os programas em outros canais, mais comumente nas redes sociais. A prática já é comum no país, mas ainda é pulverizada. É com essa ótica que a Zauber intensificou suas operações no Brasil, para “evangelizar” o mercado e mostrar como utilizar o conteúdo gerado pelos usuários do Twitter para melhorar o engajamento das marcas e da televisão com a mídia digital.
A empresa argentina desenvolveu a Flowics, ferramenta certificada pelo Twitter que filtra todos os tweets enviados sobre determinado assunto e os exibe para editores ou produtores de um programa, que decidem qual informação vai ao ar ou mesmo se as mensagens serão exibidas em tempo real. O serviço também é usado para medir a reação dos espectadores sobre a programação e até mesmo para marcas saberem o que os usuários da rede social estão comentando.
De acordo com Gabriel Baños, CEO da Zauber, ferramentas que exploram a relação entre a TV e o Twitter podem fazer com que as pessoas publiquem mais mensagens na rede social e que mais usuários sejam atraídos à programação da emissora, porque há um incentivo claro de participação. “Nós twittamos espontaneamente, ninguém nos manda fazer isso, o que já é um fenômeno bem interessante. Mas como fazer para que mais usuários twittem sobre um programa e como fazer com que essas mensagens tenham um efeito no conteúdo que estão assistindo? As hashtags fazem com que os tweets sejam feitos de forma ordenada, e passar de publicações espontâneas para organizadas e que tenham um resultado na tela é um processo que gera engajamento. A Flowics é uma ferramenta que ajuda as empresas de mídia a implementar esse tipo de ação”, explica o executivo.
Baños já vinha realizando projetos no Brasil antes de 2013, mas foi no início do ano, pouco depois de o Twitter anunciar abertura de escritório no país, que a Zauber intensificou sua presença. O processo ganhou força maior em maio, quando a rede social outorgou seu certificado à empresa e a integrou ao seu ecossistema, tornando-a a única do ramo da social TV com seu selo de qualidade atuante na América Latina. Agora, Baños tem como missão “evangelizar” o mercado. “O negócio da Flowics e da social TV é algo que ainda está nascendo na América Latina. Em muitos casos, os diretores das emissoras de televisão e das marcas ainda estão tentando compreender o que é isso e como tirar proveito. Nos próximos meses, sobretudo, a expansão do Twitter na América Latina vai nos ajudar muito e todos saberão melhor o que dá para fazer com a Flowics e a social TV”, declara o executivo.
No Brasil, a Zauber já levou a Flowics para portais como R7 e Veja.com e canais como a ESPN, que utilizou a ferramenta durante a transmissão da final da Uefa Champions League em maio. Além de ter desenvolvido projetos também para a Caracol Televisión, da Colômbia, e para a espanhola RTVE, a empresa começou a trabalhar com a rede Star, da Índia.
A Flowics considera somente os dados do Twitter, mas há planos para fazer com que o Facebook ganhe espaço na social TV. O problema é que a rede social de Mark Zuckerberg não facilita o acesso às informações. “Podemos fazer uma experiência similar com o Facebook, mas não podemos acessar os dados de lá como fazemos com o Twitter. O API do Twitter é 100% aberto, mas nem todo mundo pode acessar o que você comenta ou compartilha no Facebook. Acho que o Facebook vai começar a eliminar essas restrições para fazer concorrência ao Twitter na social TV. O Twitter ainda é o dono do Social TV, mas o Facebook quer ser um concorrente à altura”, conclui.