A Gomus vem estudando o branding sonoro há alguns anos e seu sócio, diretor de criação e produtor musical, Guto Guerra, acaba de lançar o livro “Music Branding – qual o som da sua marca?”, pela Campus/Elsevier. A intenção da obra é impulsionar o estudo acadêmico da matéria, que, Guerra acredita, em breve deve chegar à universidade e cursos brasileiros. “Segundo levantamento da Audio Branding Academy, da Alemanha, existem hoje no mundo 180 universidades ou centro de estudo que oferecem algum tipo de curso de extensão ou cadeira acadêmica sobre a prática do music branding. Atualmente, não existe nenhuma literatura em português sobre o tema (apenas em inglês e alemão), de modo que estamos diante de uma janela de oportunidade para sermos pioneiros nesse tipo de lançamento”, diz o produtor.
O livro está dividido em três partes. A primeira aborda como o marketing do século XXI pode se valer do som (e da música) como forma de atingir e fidelizar de modo mais eficaz seus consumidores, descrevendo como a música, ao longo da história, vem se tornando algo cada vez mais importante na rotina das pessoas. Na segunda parte, é feita a análise de como as marcas podem se fazer presentes nessas rotinas. Já na parte três, a obra apresenta um círculo de diálogos e entrevistas com diretores de grandes marcas que já possuem um planejamento organizado de music branding e estão alcançando significativo sucesso com ele.
Embora fora do Brasil a área de sound branding já esteja alguns passos à frente, Guerra acredita que a fase inicial, o famoso “quebra-gelo” de ter de explicar aos clientes o que é a disciplina, já passou. “A maior parte dos executivos dos anunciantes já tem noção da importância e dos benefícios que uma estratégia sonora bem planejada pode agregar. Isso é ponto pacífico. Acho que agora estamos no momento em que esses diretores estão atrás de saber quem são os melhores profissionais no ramo e quais as metodologias mais adequadas”, diz.
Um case recente da Gomus foi a criação de Audio Branding Guides para os principais canais da Globosat: SporTV, GNT e Multishow. “O ABG é uma diretriz sonora geral, feita a partir de um estudo que toma meses de trabalho e que aponta os caminhos musicais que uma marca deve seguir. Funciona como uma branding book musical, um anuário para as marcas. Fizemos esse trabalho ao longo do ano passado e fomos finalistas de um prêmio mundial oferecido pela ABA (Audio Branding Academy) na Universidade de Oxford, na Inglaterra”, conta.
Também é da Gomus o “Etiqueta Gomus”, um projeto experimental criado para a Coke Clothing que utilizou a tecnologia RDIF para criar etiquetas musicais que conversavam com o software da produtora Echo (de gestão sonora de pontos de venda). Foram instalados sensores nos provadores de roupas e, dependendo do tipo de peça que o consumidor levasse para o provador, tocava uma música específica, de modo inteligente. Dance music para vestido de noite, surf music para bermuda de praia, e assim por diante. O projeto foi apresentado no Fashion Business. A produtora já criou trilhas para Coca-Cola, Nokia, Fiat, Budweiser, Absolut, Osklen e Bodytech.
O lançamento do livro está agendado para o dia 12 de abril na Livraria Travessa, no Leblon, Rio de Janeiro.
Pesquisa reforça o poder do som
Uma pesquisa realizada pelo Grupo Troiano de Branding, em parceria com a agência Zanna Sound, especializada em sound branding, avaliou o impacto da sonorização para as marcas. O foco principal foi o MetrôRio, onde foram entrevistados 250 usuários de ambos os sexos e todas as classes sociais, acima de 18 anos. Foi lá que a Zanna Sound implementou, há pouco mais de um ano, um projeto de sonorização que incluiu tema musical, logo sonora e a nova voz do metrô – incluindo mensagens do SAC, da bilheteria, das máquinas de autoatendimento e até o som ambiente – composto, por exemplo, de passarinhos.
A primeira pesquisa do gênero tinha como objetivo medir a percepção dos usuários do metrô em relação ao sound branding. “Dentre as descobertas, percebeu-se que a segunda mudança mais percebida foi o som, perdendo apenas para os novos trens que acabaram de chegar”, afirma Zanna Lopes, da Zanna Sound.
Dentre as principais mudanças percebidas aparecem, em primeiro lugar, a chegada dos novos trens, com 93%, e logo depois a mudança do som, com 58% no total. Ao todo, 83% das pessoas se lembraram de ter ouvido a logo sonora e 94% de ter ouvido a nova voz, sendo que 81% disseram ter gostado ou gostado muito. Zanna, por sinal, é a dona da voz e costuma dizer que o som tem o poder de criar intimidade entre marcas e pessoas. Sua voz foi lembrada por 94% dos entrevistados e aprovada por 81% deles.
Segundo Jaime Troiano, do Grupo Troiano de Branding, o estudo mostrou que marcas, especialmente as que oferecem à população serviços vistos como “frios”, têm muito a ganhar com o uso de elementos sensoriais como a sonorização. “Os recursos sonoros mudaram consideravelmente a experiência do usuário no MetrôRio, e os resultados não deixam dúvida quanto a isto”, concluiu.