A era digital tem gerado uma boa quantidade de exemplos de negócios que se repetem com suas próprias características em diferentes nichos de mercado. Porém, na maioria das vezes, apresentam a mesma solução. Jovens inteligentes e criativos desenvolvem aplicativos, viram celebridades em fóruns na internet e assistem suas invenções serem baixadas por usuários de todo o mundo, até que um dia percebem que precisam ganhar dinheiro de alguma maneira e encontram o mercado publicitário para monetizar suas criações tecnológicas. Esse encontro, pouco romântico, pode acabar sendo vantajoso tanto para o desenvolvedor de um produto quanto para anunciantes e agências, que sempre buscam a melhor forma de chegar ao consumidor.
Essa história é basicamente a razão de existir da RevMob, uma plataforma de anúncios para aplicativos em dispositivos móveis. A startup foi fundada pelo paulistano Guilherme Schvartsman, que tinha apenas 22 anos quando se tornou uma celebridade no mundo mobile ao desenvolver e licenciar o app Ant Smasher, jogo de celular que se tornou fenômeno mundial com 150 milhões de downloads. Pouco tempo depois, com a dificuldade de monetizar o negócio, criou uma nova empresa fornecedora de soluções de anúncios mobile, que vem a ser justamente a RevMob.
Em três anos, as afiliadas que já distribuíram US$ 55 milhões a desenvolvedores de aplicativos em 180 países ao longo, conta com outros três sócios: Pedro Jahara, Rudy Tarasantchi e Ariel Simis – todos com menos de 30 anos. Jahara, que exerce o cargo de CEO e porta-voz, aposta que o mercado publicitário brasileiro está caminhando para uma mudança e que o segmento mobile está em um vertiginoso crescimento que justifica o otimismo do negócio.
“Os anunciantes brasileiros estão descobrindo o mercado mobile. Antes, não valia o investimento, mas agora o volume começou a ser relevante e, a cada dia, fica mais inevitável pensar em fazer campanhas em telas móveis”, afirma Jahara, ressaltando o dado da consultoria IDC de que o Brasil já possui 54 milhões de smartphones ativos nas mãos das pessoas.
De acordo com o jovem CEO da RevMob, apesar de a maior parte dos anunciantes virem do mercado de games, conhecedores do segmento mobile mais do que qualquer setor, grandes marcas já começaram a investir na plataforma da empresa, principalmente as mais relacionadas ao e-commerce e ao digital, como Dafiti, Netshoes, Rossi Empreendimentos Imobiliários, Easy Taxi, Microsoft, LG, Vivo e Privalia. Fora do Brasil, Nike e Samsung também são clientes.
Segundo Jahara, a estratégia é criar formatos de anúncios atrativos que possam gerar resultados para os clientes e engajamentos pelo lado do consumidor. Ele revela que, no momento, o mais eficiente é o formato de anúncio em vídeo que oferece recompensas ao usuário caso ele assista a publicidade até o fim. Em aplicativos de jogos, por exemplo, a recompensa geralmente é traduzida em vidas extras ou créditos.
Para Jahara, atualmente existe um abismo entre o tempo que os consumidores estão no mobile e o valor investido pelas empresas nessa nova mídia, assim como aconteceu com a própria internet e as redes sociais anos atrás. “A diferença é gigantesca, mas deve ser reduzida com o amadurecimento do mercado no Brasil e já estamos em posição de liderança”, diz.
Comparativo
Nos Estados Unidos, segundo estimativa do eMarketer, o investimento em mobile deve chegar a US$ 26,59 bilhões este ano. O valor representa 14% do total gasto com anúncios e 45% dos investimentos em mídia digital.
No Brasil, esse mercado ainda dá os primeiros passos. Os gastos com mídia mobile no país devem chegar a R$ 440 milhões neste ano. O valor é 85% maior do que em 2014, mas ainda é apenas 1,9% das verbas destinadas a anúncios dentro do país.
Dos anunciantes que veiculam na plataforma da RevMob, 64% são dos Estados Unidos e 23% da Europa. A expectativa é que, nos próximos anos, os brasileiros representem 30% do total.