Duas startups que nasceram no parque tecnológico Porto Digital, Recife (PE), querem conquistar o Sudeste. A Eventplatz espera facilitar a locação de ambientes para eventos, nos moldes em que opera o Airbnb, que ajuda pessoas comuns a alugar quartos vagos pela internet. Já a Radiola Digital chega com a promessa de mudar a maneira de se ouvir música em estabelecimentos como restaurantes e bares.
Como uma jukebox, a Radiola Digital permite a usuários de smartphones e tablets escolherem as músicas que desejam escutar a partir de um aplicativo, disponível para iOS e Android. O app se conecta a uma estação interativa do estabelecimento, onde o usuário encontra os álbuns disponíveis e seleciona as músicas que quiser. As faixas entram em uma fila de reprodução e são tocadas de acordo com a ordem dos pedidos. É possível compartilhar no Facebook ou no Twitter a trilha ouvida e o estabelecimento onde ela foi escolhida.
A plataforma foi desenvolvida pela empresa Inhalt, dos sócios Rodrigo Vasconcelos e Thiago Porto. O investimento na ferramenta somou R$ 250 mil e veio dos próprios empresários. A expectativa é lucrar com a gestão do aplicativo e com a venda de publicidade. Depois de testes em Recife, a empresa começa a expandir o serviço para Manaus (AM), Rio de Janeiro e São Paulo.
“Acreditamos que a ferramenta pode ser usada em bares, restaurantes e academias. Nossa meta é ter 50 estabelecimentos cadastrados e chegar a 60 mil usuários”, explica Rodrigo Vasconcelos, sócio da Inhalt. “Só iremos conseguir ter faturamento com publicidade se aumentarmos a nossa base de usuários”, diz. Ele também acredita que há a possibilidade de aumentar o alcance do aplicativo com a sincronização com redes sociais. “Isso divulga o estabelecimento e o aplicativo”, aponta.
Já a Eventplatz foi desenvolvida dentro da aceleradora do C.E.S.A.R (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife) pelos irmãos Eiran Simis e Tomer Simis. O centro aplicou capital somente no projeto e prestou orientações aos sócios sobre como colocar a ideia de pé. O serviço é um site que reúne anúncios de espaços não utilizados que podem servir para a realização de eventos e faz a intermediação entre o locatário e quem deseja alugar. A remuneração vem da taxa de 10% cobrada em cada operação.
A Eventplatz já está em 13 estados, mas ainda tem poucos anúncios. “A meta de curto prazo é ter 100 espaços em cada uma das cidades em que operamos. Hoje temos 100 anúncios no país”, explica Eiran Simis. Uma das possibilidades para expandir o negócio é criar franquias locais que gerenciem o negócio em diferentes regiões. “Mesmo sendo um modelo digital, é importante ter uma presença local física.”
Nova mentalidade
O Porto Digital reúne hoje 150 empresas, que somam faturamento de R$ 1 bilhão por ano. De acordo com Francisco Saboya, presidente do parque, um dos objetivos é criar empreendedores menos dependentes de verbas ou editais públicos, especialmente em linguagens de mídia, como cinema, fotografia e música. Desde agosto do ano passado, o parque tem um núcleo só para apoiar e capacitar empresas dessas áreas, chamado Porto Mídia. Até o momento, já há nove empresas desse núcleo incubadas no parque e já foram finalizados 17 filmes no local.
“Há um gargalo na mentalidade empreendedora. Muitos empresários são viciados em editais públicos. É preciso romper essa limitação”, afirma.
Para isso, o parque atua em vários eixos, entre eles no de capacitação profissional e apoio, por meio de suas incubadoras, que oferecem treinamento para os empresários melhorarem a qualidade do produto e estruturarem o negócio. O parque também tem duas aceleradoras, que investem em startups de alto potencial, para ajudá-las a colocar no mercado.
A partir de agosto, uma nova aceleradora, a Jump Brasil, passa a operar dentro do parque. A Jump irá investir R$ 40 mil, por cinco meses, nas startups selecionadas.