Se você perguntar para um criativo americano se ele prefere ter na pasta um bom filme que passou no Super Bowl ou um que ganhou um Ouro no Cannes Lions, a resposta invariavelmente será: um comercial que passou no intervalo da final do futebol americano.
E embora existam filmes que consigam os dois, os exemplos são cada vez mais raros.
Estar no Super Bowl significa a ambição de estar entre os filmes mais falados do ano. Talvez por décadas.
Mas hoje isso significa também ser falado nas mídias sociais, earned media, owned media.
Antes do primeiro intervalo do Super Bowl, mais de 1 milhão de pessoas já tinham assistido o filme com o quarterback Tom Brady, do New England Patriots, no canal oficial da Intel no Youtube. Exatamente o mesmo filme criado para a final. Sem contar a quantidade de matérias (PR) que saíram sobre a participacão dele antes. Os posts, os tweets, os teasers. É a mídia para gerar mídia.
Na tentativa de chamar a atenção do público no espaço publicitário mais concorrido do planeta, muitas marcas acabam saturando a audiência.
No primeiro Super Bowl da Era Trump, eu esperava mais rebeldia. Mas tudo pareceu muito orquestrado, repetido, garantido pelos números e pesquisas.
As marcas oscilaram entre estratégias com muito planejamento para pouca ideia, manifestos chatíssimos, a fórmula das celebridades “inesperadas” juntas (mas que aparecem nesses comerciais há 4 ou 5 anos seguidos) e os inevitáveis bichos falantes. Poucas surpresas.
Salvaram-se a alemã Audi, num filme bonito se comprometendo a pagar salários iguais para homens e mulheres na sua empresa. E a Budweiser, que resolveu contar num filme de produção impecável a história de um imigrante que mudou muita coisa nesse país: seu fundador. Bola dentro também da Intel com os drones no show do intervalo, durante o espetáculo da Lady Gaga.
De resto, muitas marcas jogando na defesa. A publicidade americana esteve apagada no Super Bowl. Ou, de repente, eu que fiquei vendo muita internet antes do jogo.
Fabio Seidl é Group Creative Director da 360i NY
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