Bebidas alcoólicas tiveram avanço de 5,7% no ano - vinhos venderam 34,9% a mais em 2011

 

O volume de vendas em supermercados cresceu 3,71% em 2011, ficando um pouco abaixo do esperado pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados), que aguardava evolução entre 4% e 4,5%. Segundo o presidente da entidade, Sussumu Honda, o resultado variou dentro da margem e foi considerado bom para o ano. Em 2012, a expectativa da associação é de uma evolução de 2% a 3% em volume e de 3,5% a 4% em faturamento.

“Está havendo uma recomposição com o aumento do salário mínimo, que dá uma injeção de ânimo no consumidor, e a diminuição da taxa de juros. Isso afeta o mercado”, diz Honda, que também crê que este ano seja mantido o crescimento estável de demanda e de preços, principalmente com a aposta do governo no mercado interno – uma vez que o mercado internacional ainda sofre com a crise financeira.

O fortalecimento no mercado brasileiro se deu principalmente nas pequenas lojas. Os estabelecimentos com até quatro “checkouts” (caixas) mostraram expansão de 2,5% em relação a 2010. Segundo Honda, a urbanização e o aumento do trânsito e de pessoas faz com que os “mercados de bairro” sejam mais populares. “Está havendo um hiper processo de transformação. Como a mobilidade é mais difícil nos grandes centros, isso impulsiona as lojas menores, que agora também evoluíram e melhoraram seus produtos e serviços”, explica o executivo, que usou São Paulo como exemplo. “Hoje os bairros já têm autonomia, são pequenas cidades. Ninguém mais pega a Marginal para ir a um supermercado”.

Mesmo com os “mercadinhos” em destaque, os hipermercados se recuperaram de um 2010 fraco, com uma proposta de reformulação. Os estabelecimentos com mais de 20 “checkouts” tiveram evolução de 2,7% em 2011, 1,5 ponto percentual a mais que no ano anterior. O presidente da Abras explica que agora o conceito de hipermercado está mudando. “Hoje há a ‘loja dentro da loja’, uma especialização. Dentro dos mercados, você já encontra farmácias e pet shops, por exemplo. A grande massa de produtos já não impacta tanto quanto antes, então as redes passaram a investir em criação e especialização”.

No quesito preços, houve um acréscimo médio de 3,78% em dezembro de 2011 relação ao mesmo mês 2010, segundo o índice AbrasMercado. Na divisão por produtos, as maiores elevações de preço foram nos itens carne (4,7%), feijão (10,4%) e sabonete (20,1%), este último considerado por Honda uma “escapada” no aumento.

Mudança de comportamento

Um dos estudos mais curiosos a se fazer com o balanço da Abras é o de produtos que cresceram em relação aos itens que caíram nas vendas, seguindo o indicador Nielsen de volume. Comparando tais itens, pode se enxergar uma mudança nos costumes dos consumidores. Em 2011, as maiores quedas foram de sabão em barras (-13,2%), pilhas secas (-8%), farinha de trigo (-7,7%) e óleos de cozinha (-7,7%), enquanto as maiores evoluções foram em vinhos, um caso à parte com 34,9% de crescimento, suco de frutas pronto (15,9%), bebidas à base de soja (13,6%) e chocolate (11,1%). “Está havendo uma alteração no modelo de consumo. Hoje, um cliente busca muito mais a praticidade e o estilo de vida saudável, então ele procura produtos com base nestes conceitos”, diz Sussumu Honda, que exemplifica sua tese com a queda do sabão em barra, uma vez que agora a preferência é por máquinas de lavar, mesmo caso das pilhas secas, agora substituídas por recarregáveis. A elevação em sucos prontos, produtos à base de soja e salgadinhos aperitivos (9,7%) mostra a preferência por itens rápidos e saudáveis.

Em relação aos vinhos, a elevação de 34,9% foi vista com ótimos olhos pela associação, que acredita que da bebida derivada da uva pode dobrar nos próximos dois anos. Um dos fatores que “jogava contra” as vendas vinícolas era a nova obrigatoriedade de se selarem as garrafas, mas a medida caiu. “O mercado dos vinhos é diferente, às vezes demora anos para se vender uma garrafa. A Abas não é contra selarem os vinhos, mas este é um processo custoso”, diz Honda.