Figurinha fácil em eventos de tendências como o SXSW, Rohit Bhargava, fundador da Non Obvious Company, costuma dizer que uma tendência é a curadoria e observação de um presente acelerado.

Bhargava é especialista nesta curadoria do presente, destacando o que realmente importa  e lançando, ao a ano, um livro com as tendências que considera mais importantes. Seus sistemas são bem rudimentares, como ele gosta de frisar: recortando artigos de jornais e revistas, colocando post its em livros e publicações diversas, ele vai juntando temas, conectando assuntos, ligando pontos, e se valendo de ferramental físico, selecionando temas e tendências que ele considera “não óbvias”. Ele gosta de dizer que seu desejo é ser não extatamente um “leitor rápido”, mas um “Entendedor rápido”, um “speed Understander” como se dizia Isaac Asimov. Alguém capaz de ler ambientes, fazer conexões e encontrar tendências onde a maioria não vê.

Segundo Bhargava, há três grandes desafios que a maioria das pessoas precisa enfrentar na busca por fazer diferente. Em primeiro lugar, se livrar de suposições que nos assolam pelo poder do hábito. Em segundo, evitar o desespero por inovar o tempo todo: a inovação pela inovação pode levar à criação, muitas vezes, de coisas estapafúrdias e criativosas, mas que não mudam a vida de ninguém. O terceiro desafio é a crise de credibilidade que assola o mundo. Ninguém mais acredita em nada…

Enfrentando tudo isso, o executivo chegou às tendências que estão em seu livro este ano – que por sinal mereceu uma tarde de autógrafos bem aqui, no SXSW – são as seguintes:

1. Retrotrust – O renascimento e a busca pelo analógico, pelo retrô, pelo vinil, pelos anos 90, pelos super heróis de antigamente, por celulares mais simples. Quem não percebeu? É o chamado downgrading, que vem tomando conta de algumas categorias de produtos, e deve crescer ainda mais. Associar-se a épocas que remetem a confiança e credibilidade pode ser uma boa.

2. Muddled Masculinity – o que significa ser homem, nos dias de hoje? Bhargava diz que muito se tem falado sobre o feminino, sobre o papel da mulher, e muito pouco tem sido dito sobre os homens, de fato, para além das críticas e presuposições. Masculinidade está mudando e não existe mais um determinado comportamento considerado correto, ou adequado. Há um imenso ponto de interrogação no mundo masculino e ele precisa ganhar a atenção das marcas, e da sociedade em geral.

3. Inovação pela cópia – não adianta copiar o que as outras empresas estão fazendo para tentar inovar. Hackatons, Lift Labs e outras artimanhas podem não funcionar para todos. Não adianta se basear em case studies de sucesso. Há um medo generalizado de arriscar. É preciso encontrar caminhos para inovar, quem sabe menos arriscados, porém únicos e originais.

4. Influência Artificial – Não há como negar: há um mundo artificial nos cercando, com perfis falsos, influenciadores virtuais, Chatbots, shows holográficos, ídolos que não existem em carne e osso. É preciso assumir esta realidade, sem tentar disfarçá-la, ou forjar ares de realidade em algo que não existe de fato.

5. Enterprise Empathy – a empatia como inspiração de negócios. Como a Tesco e seu caixa especial mais lento, para pessoas que têm problemas de saúde como demência, por exemplo. Serviços de “netos on demand” para pessoas idosas, por exemplo, nascem da empatia. 

6. A Renaissance dos Robôs – sim, eles estão em todo lugar e não devem causar medo. Devem causar curiosidade e ser usados para nos auxiliar. Sempre.

7. Back-Storytelling – Esta tendência tem a ver com encontrar sentido em algo, para contar histórias grandiosas, cheias de significado.

Cobertura patrocinada por BETC/HAVAS