A participação brasileira vem crescendo no SXSW. Na edição deste ano, foram mais de mil brasileiros, mais de 75% de aumento em relação ao ano passado.

O Brasil já está entre os top 5 em número de participantes. E por que esse aumento de interesse? Algumas razões são claras: o mundo do marketing e da comunicação vem sendo chacoalhado vigorosamente e alguns territórios típicos do SXSW viraram territórios também da propaganda.

Dentro do universo do marketing e da publicidade, tecnologia, entretenimento e inovação viraram mantras. É natural, portanto, que mais e mais publicitários se sintam atraídos pelo que se discute nas ruas, bares e auditórios de Austin.

Afinal, nesse mercado nervoso e mutante, ninguém quer perder o trem das tendências. Mas fica sempre o questionamento: será que estamos deixando o 8 para ir direto para o 80? O terreno das tendências é sempre escorregadio e perigoso.

Se acreditarmos piamente em tudo o que se ouve nas rodinhas de moderninhos superantenados, corremos o risco de atropelar o curso natural das coisas. A geração dos Millennials tem resistência pela propaganda dita convencional, mas será que podemos prescindir dos veículos “tradicionais”?

Será que devemos esquecer TV, rádio, veículos impressos, mídia OOH e partir, sem escalas, para o mundo digital e colocar todas as fichas lá? Não quero dizer que o SXSW é só isso. SXSW é, em última instância, uma celebração da criatividade e da diversidade de expressão. E não só no universo online. Até porque as atividades são offline e os participantes gostam de vivenciá-las assim.

Aliás, como os seres humanos normais. Somos cada vez mais virtuais, mas adoramos relações reais, quando estamos presentes em carne e osso. Enfim, os publicitários brasileiros, assim como outros de diversas partes do mundo, vão beber na fonte de Austin em busca de uma luz que os leve para caminhos mais seguros em direção a uma modernidade fluida e de difícil interpretação. Mas e o evento que até então era o queridinho dos publicitários brasileiros, o Cannes Lions, continua prestigiado?
Eu afirmaria que sim, embora seja “cool” demonstrar preferência pelo SXSW. O titio Cannes Lions, do alto dos seus 64 anos de vida, tem sabido se atualizar a cada ano, criando novas categorias, acompanhando a diversidade buscada pela comunicação atual.

Além das 24 categorias, muitas delas contemplando o universo digital, há ainda os festivais paralelos, focados em entretenimento e inovação, além do setor da saúde. Ou seja, o Cannes Lions só é percebido como antigo para aqueles que insistem em apregoar o fim da mídia dita tradicional. Mas a verdade é que a comunicação eficaz de hoje é aquela sem preconceitos, que combina on e offline sem a preocupação com rótulos ou modismos.

Que sabe lidar com a multiplicidade de dados, buscando atingir o público-alvo da forma mais assertiva, com menor dispersão e capaz de não só informar, mas também entreter e engajar.

Por tudo isso, acho que o Cannes Lions continua o mais expressivo evento para a reciclagem de conceitos, sem perder a essência da boa comunicação.

É o novo convivendo com o tradicional, representando o amplo mix de soluções que se apresenta aos estrategistas da comunicação dos dias de hoje. Isso não quer dizer que você deve ficar indiferente aos novos eventos, baseados em formatos mais disruptivos.

Não devemos perder uma só oportunidade de buscar mais conhecimento para tentar decifrar as tendências.

Por isso tudo, não se trata de substituir um evento por outro, mas, isso sim, de ampliar o espectro de atuação e conseguir mais tempo para uma participação mais abrangente. Portanto, entre o SXSW e o Cannes Lions, fique com os dois. E fique também atento a muitos outros que pintarem por aí.

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No artigo da semana passada (Um Walt Disney brasileiro), cometi a imprudência de acreditar em informações não checadas e inserir o parque Wet’n Wild brasileiro no rol dos empreendimentos fracassados. Na verdade, o Wet’n Wild vai muito bem, com boa rentabilidade. Fica aqui a retratação, com as minhas desculpas aos administradores.”