Mais uma pesquisa que analisa a relação do digital com a televisão constata que a TV tem ganhado mais do que perdido com o advento da tecnologia digital e o seu grande crescimento ao redor do mundo. Desta vez, o estudo foi encomendado pela Discovery Networks e realizado pela britânica Sparkler em nove mercados (Brasil, México, Estados Unidos, Reino Unido, Itália, Dinamarca, Suécia, Noruega e Austrália), ouvindo 4.500 pessoas entre 16 e 54 anos.

Dos 500 brasileiros entrevistados, 63% assistem à TV diariamente, contra 21% no computador, 10% em celulares e 6% em tablets. Comparando os índices registrados aqui com a média global, que foi de 71%; nos Estados Unidos, que foi de 72,5%; e no Reino Unido, que foi de 76%; pode-se até estranhar que o Brasil não apresente a maior presença da TV, considerando a importância do meio aqui no país. A explicação dos responsáveis pelo estudo é que o número do Brasil é creditado à menor presença de TVs conectadas à internet (tipo SmarTV) por aqui. O que demonstra uma vez mais que o digital beneficia e não prejudica a TV.

Tanto que o nome do estudo é justamente Television Beyond TV – Expandindo o Significado da TV e ele analisa as múltiplas formas e telas (aparelho tradicional, computadores, celulares e tabletes) pelos quais sua programação é oferecida e consumida – muitas vezes em conjunto, ou seja, mais de uma tela ao mesmo tempo.

Mesmo com essa ampliação, o aparelho de TV é, e deve continuar a ser, o principal item da sala da família, por ser o device mais utilizado para se consumir TV – sendo que a TV linear (a programação vista durante sua transmissão) continua sendo a forma mais usual de consumo da televisão em todo o mundo.

Sobre ser o principal aparelho da sala familiar, o índice de resposta no Brasil é de 65%. Maior que a média mundial (63%), mas menor do que nos Estados Unidos (67%) e Reino Unido (71%). O que é outro indício de que a expansão da tecnologia digital termina beneficiando a TV.

Os dados levantados junto aos respondentes brasileiros indicam que 66% deles dizem que a publicidade transmitida pela TV se converte em ações de compra, contra 30% de conversão para os anúncios veiculados em plataformas online. O estudo mostra também que 81% deles prestam atenção nos comerciais transmitidos durante o break da TV linear, enquanto apenas 44% o fazem no ambiente online.

Três pontos da pesquisa enfatizam que a relevância da TV como social currency no Brasil é a maior ou está entre as maiores do mundo. Em nosso país, 76% falam com amigos sobre o que vêm na TV e 68% compartilham esses assuntos pelas redes sociais. Índices que são, respectivamente, de 64% e 42%, na média mundial; de 69% e 45%, nos Estados Unidos; e de 67% e 38%, no Reino Unido.

O Brasil também se destaca no comportamento diante do conteúdo da TV: 26% entende a televisão como uma “janela para o mundo” (é oportunidade de aprendizado e exploram plataformas online a partir dela); 21% se declaram “apaixonados” (a TV está sempre presente em suas vidas; assistem em família e comentam; querem mais TV; e a assistem em outras plataformas); e 20% podem ser classificados como “espectadores tradicionais” (a TV tem papel crucial em suas vidas; é companhia; é fonte de conhecimento e entretenimento; e preferem a TV linear).

Entre os entrevistados brasileiros, 87% acreditam que o conteúdo da TV provoca fortes emoções; 83% afirmam que ela expande os horizontes; e 72% acham que a televisão influencia as pessoas.

Esta elevada avaliação dos benefícios da TV justifica-se pela sua evidente alta conveniência e preferência, se considerada a massa da população. Tanto que o seu domínio sobre o volume de consumo pelas pessoas e utilização pela publicidade permanece idêntico – ou até cresce – em relação ao que se registrava no início da chamada era digital.

Rafael Sampaio é consultor em propaganda