Cenários, figurinos e esculturas confeccionados entre Estados Unidos, Londres, Austrália e Canadá. Mais de 35 toneladas de material, trazidas ao Brasil em 22 containers. Cerca de 700 instrumentos de iluminação. Mais de 70 prêmios acumulados em 15 anos de apresentações pelo mundo. “O Rei Leão”, detentor do título de maior bilheteria da Broadway, concedido no ano passado (US$ 853,8 milhões arrecadados, desde a primeira apresentação), acumula números que impressionam. Trazida ao país pela Time For Fun, a montagem reúne atores brasileiros e africanos e marca a estreia da história de Simba, Mufasa e Scar nos palcos da América Latina.
Com patrocínio de Bradesco Seguros e Ministério da Cultura, copatrocínio de Cielo e apoio da São Paulo Turismo, o musical tem estreia marcada para quinta-feira (28) – e as sessões preview, apresentadas no último fim de semana, serviram para comprovar o impacto do espetáculo sobre o público do Teatro Renault (SP). “Eu diria que, com ‘O Rei Leão’, fizemos um mestrado em termos de produção. Todo o processo foi um aprendizado e um desafio, seja pela grandiosidade ou pela responsabilidade que nos coube”, declarou Fernando Altério, presidente da Time For Fun.
O projeto, primeiro fruto da parceria da empresa com o Disney Theatrical Group, teve custo estimado de R$ 50 milhões. “Como o investimento foi muito alto, precisamos de um tempo considerável para recuperá-lo. Esperamos que o espetáculo vire o ano em cartaz”, destacou o executivo. Para Stephanie Mayorkis, diretora de conteúdo da divisão de family entertainment da T4F, o objetivo é bastante viável. “Já se vão cerca de 11 anos desde que o gênero musical passou a fazer parte da realidade brasileira, sobretudo da paulistana. As primeiras informações que tenho são de que os ingressos para as três primeiras semanas do espetáculo já estão esgotados”, disse.
A versão brasileira é dirigida por Julie Taymor, também responsável pela construção de figurinos, máscaras e esculturas animadas, e produzida por Thomas Schumacher, presidente da Disney Theatrical Productions e há 22 anos envolvido com o universo de “O Rei Leão”. “Vim a São Paulo pela primeira vez em 1993, para promover o filme, e o que me lembro sobre o longa é que ninguém queria fazê-lo”, revelou Schumacher entre risos. Ele contou que o compositor Tim Rice foi o primeiro a se juntar à equipe. Ao lado de Elton John, o letrista criou uma das trilhas sonoras mais vendidas da história do cinema. A adaptação de músicas para a montagem nacional ficou a cargo de Gilberto Gil. Rachel Ripani traduziu o texto, “tropicalizado” em expressões e gírias comuns a Timão e Pumba e às malvadas hienas.
No palco, a riqueza das fantasias impressiona. A equipe insiste em dizer: “Nunca se viu, no Brasil, um musical como esse”. Muito dessa magnitude é graças ao trabalho de Julie e Michael Curry, que uniram elementos do artesanato africano para construir personagens antropomórficos. Desse modo, fantasia e corpo se fundem, formando uma silhueta única em que homem e animal se movem em uníssono. Durante o espetáculo, seis dialetos africanos são falados (suaíli, zulu, xhosa, sotho, tswana e congolês). Em conjunto com o cenário, a percussão, os personagens e as cores, eles promovem um mergulho na selva, fazendo o público esquecer do muro de concreto que o circunda logo ali, há poucos metros. “O que eu chamo de ‘evento duplo’, essa transformação do animal em humano e vice-versa, foi sem dúvida meu maior desafio – e o maior estímulo”, contou a diretora.
O elenco, composto por 53 atores, traz César Mello (Mufasa), Osvaldo Mil (Scar), Tiago Barbosa (Simba), Josi Lopes (Nala), Marcelo Klabin (Pumba), Ronaldo Reis (Timão), Rodrigo Candelot (Zazu) e Phindile Mkhize (Rafiki) como protagonistas. O papel do jovem Simba é alternado entre Gustavo Bonfim, Henrique Filgueiras, Yudichi Taniguti e Matheus Braga. Any Gabriele, Karollyne Nascimento, Lais Dias e Ysa Moreno se revezam na interpretação da jovem Nala. No mundo todo, cerca de 1.100 pessoas estão diretamente empregadas na produção do espetáculo, que já foi traduzido para sete idiomas, além do português: japonês, alemão, coreano, francês, holandês, mandarim e espanhol.