As agências de relações públicas têm, de certo modo, conseguido reagir à crise instalada com a pandemia da Covid-19 e afirmam estar vivendo um período com muito trabalho. Basta olhar o volume de posts de oportunidade de várias marcas nas redes sociais, criados pelas próprias agências de PR. O plano de ação inclui atendimento remoto aos clientes com a adesão ao home office, que vem se mostrando eficiente, além de gestão de crise.
“Todas as crises são temporárias. A maior armadilha para os gestores é gerir a crise em si e não o ‘como atravessá-la, para sair mais forte do outro lado’. A sugestão é pensar em termos de segurança física, reputação e finanças – nessa ordem. Procuramos avaliar a crise para nossa empresa, nosso negócio e nosso mercado. Não faz sentido a gente se basear na crise dos outros. Definido qual o tamanho e o impacto da crise para nossa empresa, estabelecemos um plano de ação. E consideramos também qual impacto o vírus terá não apenas sobre nossos colaboradores, como também sobre nossos clientes, sobre nossa cadeia de suprimentos e sobre as comunidades com as quais convivemos e trabalhamos”, afirma Augusto Pinto, sócio-fundador da RPMA, uma das maiores agências de PR no país, resultado da fusão da RP1 e RMA, que atende clientes como Rappi, Toyota e Voluntariado do Hospital Albert Einstein.
“Na verdade, estamos vivendo um período com muito trabalho e criatividade. Muitas novas campanhas direcionadas para ajudar o país e a sociedade foram desenvolvidas a toque de caixa pelos nossos times. Evidentemente, algumas campanhas foram suspensas por não fazerem sentido neste período”, conta Marcio Cavalieri, também sócio-fundador da RPMA,
Cavalieri destaca que a RPMA tem hoje com um serviço de inteligência diário para todos os clientes, monitorando a imprensa e redes sociais e gerando insights setoriais para auxílio na tomada das decisões. Ele destaca que outra área que ganhou muito força é a comunicação interna, uma vez que comunicar-se com os funcionários neste momento é vital.
“Falando em segmentos. Temos clientes da área de varejo, por exemplo, que precisou se reinventar e rápido. Desenvolvemos estratégias e táticas para comunicação com outros stakeholders, intensificamos a comunicação com funcionários, ações coordenadas com associações e desenvolvimento de novos canais de contato com clientes e fornecedores”.
Os 140 funcionários da RPMA estão trabalhando em home office. “Essa é uma prática que já tínhamos implantada na agência, com processos e equipamentos adequados. Toda a nossa infraestrutura está na nuvem e utilizamos celulares corporativos. Isso facilitou a adoção imediata e total”, afirma Claudia Rondon, também sócia-fundadora da RPMA e uma das executivas de PR mais experientes do país.
Segundo Claudia, a rotina da agência permanece normal, só que online. “Em relação ao atendimento, não tivemos nenhum problema. Trabalhamos direto com videoconferência com nossos clientes e funcionários e isso está funcionando super bem. Por exemplo, temos tido um programa intensivo deLives com clientes, imprensa e influenciadores. Entrevistas e contatos também estão acontecendo normalmente”.
“Na hora de definir as prioridades para enfrentar uma crise nossas escolhas devem ser reputacionais. Tudo aquilo que depois da crise possa manchar a reputação da marca é uma prioridade. Nós, da RPMA focamos nossa atenção com relação à comunicação da agência e de nossos clientes, para esses pontos. Por exemplo, colocar a segurança das pessoas em primeiro lugar não é uma escolha. Temos de fazer o que tiver de ser feito para proteger nossa equipe, clientes e a comunidade onde nossa empresa atua. Em última análise, o que nos vai restar após a crise é a nossa reputação pessoal e a da marca”, continua Pinto.
Campanhas na pandemia
Entre as campanhas criadas pela RPMA neste momento da pandemia do coronavírus, estão as ações para Rappi e Einstein, por exemplo. “Com a pandemia e atendendo à necessidade do cliente, nós ajudamos com a interlocução com o governo do estado de SP para uma ação conjunta de comunicação de prevenção. Essa ação possibilitou ao governo e a Rappi uma união de forças para disseminar conteúdo verdadeiro e oficial de prevenção e combate ao coronavírus. Por meio do botão ‘Prevenção’, na tela inicial do aplicativo da Rappi, usuários passaram a ter acesso simples e confiável a medidas de segurança e orientações diversas”, conta Claudia.
Já para o Voluntariado do Einstein, foi lançada uma campanha para arrecadação de recursos para a entrega de 50 mil kits de higiene, com sabonetes, escova e pasta de dente, que serão doados às pessoas em situação de risco total das regiões de Campo Limpo e Vila Andrade, onde já tem uma forte atuação. A RPMA realizou uma campanha com influenciadores. “Em uma semana de trabalho, foram arrecadados mais de R$ 200 mil – cerca de 68% do valor necessário. Personalidades como Tiago Leifert, Adriane Galisteu, Danilo Gentili e a cantora Iza aderiram à campanha. Para engajar mais pessoas, a agência criou um vídeo animado que explica a iniciativa. É um jeito fácil de chegar a todos e atingir o objetivo do nosso cliente na luta contra o coronavírus”.