A pandemia e a transformação digital colocaram o marketing como uma das áreas mais aquecidas do mercado em termos de contratação e recrutamento de profissionais. De uma maneira geral, as empresas têm trocado muito as pessoas diante desse novo cenário.
“Ao contrário de crises econômicas anteriores, nesse momento estamos passando por uma mudança no marketing muito assustadora, que é a transformação digital. Não é de hoje que ela aconteceu, mas a pandemia acelerou os processos em qualquer organização e aqueceu a contratação e o recrutamento de pessoas”, diz Rodrigo Vianna, CEO da Mappit, empresa do Talenses Group especializada em recrutamento.
Vianna afirma que a área de marketing não tem crise em relação à demanda. Já em relação à oferta, a história é outra e o grande problema continua sendo a falta de especialização digital. Segundo ele, há uma lacuna porque existe uma forte necessidade do mercado por profissionais com conhecimento digital, desde a questão de branding, pesquisa, produto a CRM, que nem todo mundo acompanhou.
O especialista pontua que há três tipos de executivos de marketing hoje e aponta quem está tendo mais oportunidades no mercado de trabalho. “Há pessoas que foram formadas no digital, mas não têm o background mais tradicional e podem ter uma certa dificuldade por isso; tem gente que é muito tradicional e não tem skill no mercado digital; e há aqueles que têm formação tradicional e foram atrás de se atualizar para adquirir um background no digital e, na maior parte das vezes, são esses profissionais que estão liderando o marketing das grandes organizações”.
Outra dica: “Hoje o profissional mais valorizado no marketing é o de e-commerce, que na pandemia alavancou muito. Ele é o diferencial do mercado, é o mais demandado pelas empresas”, destaca Vianna. Ele observa que a idade média do perfil desses profissionais também mudou, pois novos cargos surgiram e as equipes se renovaram bastante. Mas Vianna destaca que a vivência das pessoas tem peso na hora das contratações, principalmente para preencher cargos de alta liderança.
“A nova geração já veio com esse chip de tecnologia, como consumidores de mobile. As pessoas mais jovens acabam tendo muito mais oportunidade. Não que necessariamente as cadeiras de alta liderança nas empresas sejam preenchidas por pessoas tão jovens. Ainda há uma alta liderança com profissionais mais seniores, mais experientes, com uma vivência que não envolve só a técnica, mas também a prática, a experiência, a maturidade”.
O alerta é para os profissionais que não se renovaram. “A pessoa que não se renovou, que continua com aquele perfil mais tradicional em uma empresa que está migrando para o digital, com certeza daqui um ano não será a mesma que estará sentada nessa cadeira. A chance de esse profissional ser trocado por uma pessoa mais jovem é maior”, ressalta.
O CEO da Mappit salienta que a maior parte das posições em marketing, CRM, digital, com salários de até R$ 14 mil para coordenadores e especialistas, é de pessoas bem jovens, de 24, 25 anos. “E em muitos casos eles já são especialistas, ou seja, em algum momento vão se tornar um gerente muito mais jovem do que as gerações anteriores e chegar mais rápido no topo da pirâmide”.
Com a pandemia, Vianna destaca que no caso de algumas áreas, principalmente em tecnologia, o exterior virou o quintal de casa. “Hoje não tem mais fronteiras. Há profissionais morando no Brasil e trabalhando para empresas na Rússia, por exemplo. Aliás, grande parte da migração dos profissionais de tecnologia é para a Europa, com a opção de ir ou não para lá”. “Mas a minha opinião é que, em algum momento, as coisas vão voltar ao normal, não mais como era antes, mas enxergo que as empresas vão oferecer um modelo de trabalho mais aberto, como três dias no escritório e dois em casa, por exemplo. E acho que marketing vai ter muito mais facilidade em se adaptar a isso do que em outras áreas, oferecendo essa flexibilidade”, completa ele.
Já para posições em agências de publicidade, o especialista afirma que não é uma prática recorrente das agências buscarem profissionais em consultorias de recrutamento. “Existe uma questão relacional muito grande, além disso, as agências têm estruturas de remuneração muito díspares”.