Este Especial TV que você, leitor, pode ler esta semana retrata principalmente como a transformação digital repercute de forma sintomática e propõe nova cena para a televisão. Pesquisa conduzida pela Harris Interactive lista três pontos para o futuro do negócio: predominância da CTV (TV conectada) em relação ao modelo padrão; telespectadores preferem streaming, tanto para conteúdo como publicidade; e alta receptividade à publicidade em plataformas Avod (video on demand com publicidade).

A amostra, que contou com 4.049 pessoas entre 18 e 64 anos no Brasil, México e Argentina, deixa claro que as TVs conectadas são uma ameaça à TV linear. Os números indicam que 91% usam streaming uma vez por semana e 75% diariamente. Com Avod (a média semanal é de 80%) e com Svod (vídeo on demand por assinatura, como Netflix) é de 83% no sistema. Para 63%, o tempo é direcionado apenas para o streaming e 78% assistem mais streaming em 2021 do que em 2020.

O público do streaming, ainda segundo a pesquisa, permanece mais atento ao conteúdo, ou seja, menos distraído do que no ambiente linear. A visualização focada no streaming é de 85%, contra 70% no broadcast.

“A TV conectada é o futuro, pois envolve oferta de escala e alcance em níveis que rivalizam com a TV tradicional. As pessoas estão assistindo mais streaming devido à pandemia da Covid-19 e esse comportamento será incorporado daqui por diante”, diz Rafael Pallarés, diretor-geral da Magnite Latam.

Ainda segundo ele, atualmente, “audiências por toda a América Latina estão consumindo streaming diariamente e, consequentemente, estão sendo criadas oportunidades para os anunciantes ampliarem o alcance da TV tradicional. Nessa transição de comportamento, é importante considerar a força de alguns fatores: as pessoas preferem streaming à TV aberta e, como resultado, vivenciam uma experiência de consumo mais atento, tanto do conteúdo quanto da publicidade; a alta receptividade à publicidade no streaming Avod se traduz em impacto comportamental. Isso porque anúncios em streaming geram mais buscas pelos produtos, conversas sobre as mensagens das marcas e, consequentemente, compra por parte das pessoas impactadas”, afirma Pallarés.

A história do streaming é tão impressionante que a receita líquida de R$ 12.523 milhões alcançada pela Globo em 2020 veio com a ajuda da plataforma Globoplay, que registrou um aumento de 73% na sua base de assinantes.

A expectativa é de que a base cresça de 25% a 30% ante 2020, preparando a companhia para o plano de assumir a liderança do mercado de streaming brasileiro até o fim desta década. O foco está no Brasil, mas o Globoplay está presente nos Estados Unidos e pretende chegar também a Portugal e Inglaterra.

Muitos canais, como GNT e Viva, por exemplo, passam pela estratégia de fortalecer o vínculo com os assinantes dos serviços de streaming oferecidos pelas operadoras e também, hoje, pelo Globoplay. “Nossa marca, nossa curadoria e nossas produções precisam ser atraentes, nos diversos empacotamentos desses serviços seja para o consumo live ou on demand, afirma Daniela Mignani.

Outra matéria neste especial que aborda o assunto é o portfólio que inclui TV aberta, canais pagos, rádios e digital do Grupo Bandeirantes, que deu velocidade às suas decisões estratégicas com a formalização da spin-off Vibra, cuja proposta é trazer mais tecnologia e inovação para programação e geração de conteúdo. Lançada em 2020 em plena pandemia, a plataforma é responsável pelo app BandPlay, ainda em fase de implantação.