A TV aberta é a principal fonte de entretenimento da população brasileira: é líder de audiência em todas as faixas horárias, em todas as regiões do país, em todas as classes sociais e faixas etárias. No entanto, o crescente interesse do telespectador pelo vídeo por demanda e a força cada vez maior da TV por assinatura integram o pacote de desafios do setor no mundo todo. A aposta principal é na produção de conteúdo de qualidade e ampliar o plano de negócios para diferentes telas – o que a maioria das emissoras já tem feito consistentemente.
Anco Saraiva, diretor de marketing da TV Globo, diz que a TV aberta vive uma nova “era de ouro” mundialmente, e que o fenômeno é especialmente forte no Brasil, onde ela atinge cerca de 190 milhões de pessoas. “A TV aberta é a única a chegar de graça ao telespectador e, nos últimos anos, ampliou ainda mais o seu alcance com a possibilidade de ser assistida em qualquer lugar – no ônibus, no metrô, no carro, no celular, no tablet, no computador. A tecnologia é um dos nossos maiores aliados para vencer o desafio diário de melhorar a experiência de assistir TV para o telespectador e aumentar ainda mais a eficiência do meio TV para o mercado publicitário”, ressalta.
Segundo ele, o mercado publicitário brasileiro tem apresentado sucessivos recordes de crescimento há muitos anos, determinados especialmente pelo crescimento da TV aberta.
Glen Valente, diretor comercial e de marketing do SBT, afirma ter confiança de que a TV aberta manterá sua relevância e dianteira como principal veículo de mídia. “Precisamos sempre nos atualizar, acompanhar tendências e investir. Acredito que continuaremos a ser os grandes produtores de conteúdo e a fomentar as diferentes mídias”, destaca o executivo.
O SBT segue na disputa acirrada pelo segundo lugar na audiência e Valente afirma que a emissora conseguiu manter um crescimento acima da média no último ano ao investir fortemente no engajamento da audiência.
Já a Record procura seu diferencial na programação ao vivo. Marcelo Silva, vice-presidente artístico de produção da Record, afirma que esse foco lhes dá agilidade. “Nós estamos conseguindo manter um crescimento de audiência. Só este ano o aumento foi de 32 % na Grande São Paulo e isso acontece em função dos investimentos constantes, seja na programação, em tecnologia ou na expansão de nosso sinal”, diz.
Segundo ele, para se manter relevante, a TV aberta precisa encontrar um caminho que atenda aos anseios dos telespectadores que estão diante do aumento expressivo de canais e formas de entretenimento.
“Em nossa programação acreditamos na mescla de informação, entretenimento, prestação de serviços, dramaturgia, shows, novelas, minisséries. Um caminho que mostre o Brasil para os brasileiros e para o mundo, que nos assiste pela Record Internacional ou que compra nossos produtos.”
Novas plataformas
Valente, do SBT, ressalta que é preciso pensar estrategicamente em todas as frentes. “Todo conteúdo que a TV aberta não pode absorver, por falta de espaço na grade, é conteúdo disponível para as diversas emissoras a cabo. A TV fechada produz, frequentemente, talk-shows, realities e programas de auditório que eram, até pouco tempo atrás, exclusividades da TV aberta. Nesse movimento, o conteúdo mais atraente impera. Mas cabe ressaltar que nessa disputa ainda estamos muito à frente, uma vez que a TV aberta ainda possui uma audiência muito superior. Enfrentar os novos tempos é investir no bom conteúdo e modelos de negócios”, destaca ele.
A Record, por sua vez, vem investindo em conteúdo como minisséries bíblicas e seriados, e mantém sua programação disponível no portal R7.com, que funciona como uma plataforma on demand. “As minisséries bíblicas, os realities, a linha de shows e o jornalismo funcionam de forma complementar à internet, pelo R7.com. Este pode ser um dos caminhos”, diz Silva, da Record.
No caso da TV Globo, o foco na oferta diversificada tanto na programação quanto na produção de conteúdo para outras plataformas se ampliou: no início desse ano foi lançado o portal de entretenimento Gshow, que tem conteúdo exclusivo para a web, e a produção de conteúdo para TV fechada.
“Esse modelo nos permite a oxigenação de profissionais e identificação de novos talentos, além de fomentar o mercado audiovisual brasileiro, em um movimento que também enriquece a TV aberta”, comenta Saraiva, da TV Globo, que por sinal renovou sua logomarca e lançou o conversa.globo, uma plataforma de relacionamento que reúne todas as “conversas” da emissora nas redes sociais.
“Nos últimos cinco anos, consolidamos nossa presença nas redes sociais com 6,3 milhões de seguidores no Twitter, 6 milhões de fãs no Facebook, 235 mil no Instagram e 50 mil no Google Plus”, afirma o executivo.
Para ele, em um mercado sofisticado e competitivo como o brasileiro, a construção e a manutenção de marcas fortes são muito importantes e a TV é, em sua opinião, “o porto seguro onde os anunciantes encontram eficiência e rentabilidade”.
“O Brasil é hoje o terceiro ou quarto maior mercado de televisão do mundo. A TV aberta é o único meio que está presente em praticamente 100% dos lares brasileiros. É a mídia de massa por excelência, a principal fonte de entretenimento do brasileiro de todas as classes sociais. Com o aumento da renda do brasileiro, especialmente da classe C, a importância da TV aberta no mercado de comunicação ficou ainda maior”, afirma Saraiva.