O setor de TV por Assinatura atingiu, em maio deste ano, 17 milhões de domicílios brasileiros, que abrange cerca de 55 milhões de telespectadores e de 30% das residências com TV no país – destes, 62% hoje recebem o sinal via satélite (DTH), contra 38% por cabo. Os dados são da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e foram revelados pela ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura), em coletiva de imprensa que divulgou a programação da Feira e Congresso ABTA 2013, que acontece entre os dias 6 e 8 de agosto em São Paulo. Promovida anualmente pela ABTA e organizada pela Converge Comunicações, o encontro, o principal do meio na América Latina, chega este ano à sua 21ª edição.
Segundo a ABTA, a receita operacional bruta da TV por assinatura também cresceu, fechando o primeiro trimestre do ano em R$ 6,5 bilhões, um aumento de 4,5% em relação ao trimestre anterio e 15,7% se comparado com o mesmo período do ano passado. “Se considerarmos que o segundo semestre geralmente é melhor para o setor do que o primeiro, especialmente o trimestre final, creio que podemos chegar a R$ 28 bilhões em receita este ano. Assim, fecharemos a base de assinantes em algo entre 18,2 e 18,5 milhões”, afirma Oscar Simões, presidente da ABTA.
No ano passado, a TV paga brasileira faturou R$ 23,8 bilhões, um crescimento de 32% em relação a 2011. E a base de assinantes fechou em 16,2 milhões, crescimento de 27% sobre o ano anterior. “Mesmo sendo um crescimento menor do que tivemos no último período, tanto em faturamento como em assinantes, é muito bom. Temos que considerar que poucos segmentos crescem na casa dos dois dígitos há tantos anos, ainda mais em um momento econômico como o atual. Fora que estamos ainda com uma elevação bem acima do PIB brasileiro”, diz Simões.
Presidente da Converge, Rubens Glasberg alerta para os cuidados com os números, principalmente quando lidam com porcentagem. “Se estamos em uma período de crescimento contínuo e relevante, seja de assinantes ou faturamento, a cada ano que passa fica difícil manter a mesma margem de elevação, pois partimos de um número bem maior”, diz, lembrando que nos últimos três anos a TV por Assinatura cresceu na faixa dos 30% no país.
Maturidade
Simões ressaltou a maturidade em que a TV paga brasileira atingiu nos últimos anos. “Estamos entre as 10 maiores do mundo. Pelos dados da ZenithOptimedia estamos na sexta posição. Significa que assumimos um protagonismo condizente com a nossa economia”, ressalta. Para o executivo, é grande a expectativa em torno do fomento de mais de R$ 1 bilhão em recursos para a produção audiovisual nacional, conforme estimativa da Ancine (Agência Nacional do Cinema), por conta da Lei do SeAC (Lei 12.485/2011) – também conhecida como “Lei da TV Paga”. “Não apenas por conta da possibilidade de um maior número de produções, mas também para agregar valor ao produto. A produção audiovisual brasileira é conhecida pela sua qualidade. E essa qualidade deve ser propiciada aos assinantes por conta desse incentivo”.
Publicidade
Em relação à publicidade, Simões acredita que os números revelados pelo Ibope na semana passada, que colocaram a TV por Assinatura com 7% do bolo publicitário brasileiro – ao lado da internet e somente atrás da TV Aberta e do Jornal –, são relevantes. Porém, não fundamentais. “Nossa fonte maior de rende é a assinatura. O que ocorre é que o mercado publicitário percebe o nosso crescimento e passa a anunciar mais, além de sermos um meio muito bom para a segmentação. Mas creio que devemos crescer um pouco mais ainda, e depois de estabilizar”, acredita.
Glasberg alerta que a publicidade na TV paga também varia muito de acordo com a empresa. “Um programador que possui um canal esportivo e que transmite eventos ao vivo, logicamente terá uma receita publicitária mais interessante do que um canal de filmes”, ressalta, lembrando que um dos cinco painéis do congresso irá abordar exatamente a publicidade.
No segundo dia do encontro, o painel estratégico “Publicidade: o peso dos 17 milhões de assinantes” discutirá a importância do meio nas estratégias de mídia e as oportunidades criadas com o crescimento da classe C e com as novas produções locais. Entre os participantes estarão Orlando Marques, presidente da Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade); e Fred Müller, diretor-executivo comercial da Globosat, a maior programadora da TV por assinatura do país.
Dados
Além dos números em relação a faturamento, assinantes e publicidade, a ABTA revelou também que o número de assinantes de internet banda larga chegou, ao final do primeiro trimestre, a 6,1 milhões, com um crescimento trimestral de 5% e anual de 25,6%. Em relação a valores, o preço médio do canal pago no Brasil é de 57 centavos de dólar, o que coloca o país em 16º lugar no ranking de preços de canais pagos de televisão por assinatura e abaixo do preço médio mundial, que fica em 65 centavos de dólar. Já o preço do pacote básico brasileiro é de US$ 23,25, o que coloca o país na 27ª posição entre os 49 analisados. O preço médio mundial é de US$ 27,43. O estudo de preços foi realizado pela Fipe (Fundação de Pesquisas Econômicas, ligado à USP).
O painel de abertura do Congresso, dia 6 de agosto, terá as participações dos ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e Marta Suplicy (Cultura); dos presidentes da Ancine, Manoel Rangel, e da Anatel, João Rezende; e da head de consultoria estratégica para comunicações da inglesa Farncombe, Adriana Menezes Whitleley, que fará uma palestra. Além do presidente da ABTA, Oscar Simões.
Os demais debates, divididos em painéis estratégicos, terão como temas “Uma visão global sobre o futuro da TV por assinatura”, “Novos cenários para a monetização de conteúdos”, “Conteúdos: as oportunidades (e riscos) que se abrem” e “As novas redes e a expansão da banda larga”, além do painel sobre a publicidade.