O negócio de TV paga no Brasil vai continuar a crescer, mas o modelo vai mudar e novos formatos vão surgir. Foi o que afirmou Jacques Bughin, diretor de mídia e entretenimento da McKinsey, no painel “O Brasil no contexto mundial da TV por assinatura”., apresentado nesta quinta-feira (7) durante o Fórum ABTA 2014, congresso realizado anualmente pela Associação Brasileira de Televisão por Assinatura em São Paulo.

O executivo lembrou que, no passado, era necessário ter muitos canais e um preço atrativo. Hoje, porém, o consumidor quer muito mais o que isso. “Ele quer escolher o conteúdo, mas assistir na hora que ele quer e onde ele estiver”, enfatizou. Bughin acredita que o crescimento desse mercado no Brasil está vinculado ao aumento da renda da classe C, mas é preciso ficar atento à pirataria que, hoje, tem, 4,2 milhões de consumidores – sem contar a inadimplência, que também é um empecilho para o desenvolvimento do setor.

O diretor da McKinsey também ressaltou a importância de se desenvolver uma economia de escala e de escopo para expandir sua relevância. Ele disse que esses são pontos que têm sido grandes motivadores de fusões e aquisições, já que prevê um aumento da produção, com a diminuição de custos do produto. Para o executivo, este é um caminho que tem se mostrado inevitável. Segundo Bughin, até 2015, 56% das empresas ligadas ao setor devem fazer acordos com outras companhias. Esse tipo de negociação movimentou US$ 2 bilhões, de 2011 a 2013.

Já Bruce Tuchman, presidente da Sundance Channel Global e AMC Networks, falou da importância do conteúdo para o fomento da TV paga em qualquer lugar no mundo. Ele disse que, atualmente, não é só o cinema que oferece conteúdo relevante e sabe contar boas histórias, já que a TV também oferece produtos de qualidade que vão de encontro às necessidades do consumidor. Ele disse que a audiência de TV por assinatura é muito exigente e precisa receber um conteúdo premium, lembrando também que a AMC está chegando no Brasil e deve lançar alguns canais nas principais operadoras.

Tuchman contou ainda que a primeira novidade é a mudança de nome do canal MGM para AMC. O executivo lembrou que a empresa ganhou notoriedade nos últimos anos com a produção de conteúdos originais como “Breaking Bad”, “Mad Men” e “The Walking Dead”, mas a ideia é, segundo ele, lançar novas produções, além de exibir títulos de longas-metragens da MGM, Sony e Paramount.

O presidente da Sundance ressaltou que a meta é, cada vez mais, disponibilizar nosso conteúdo em vários meios e que sua companhia acredita muito no potencial do Brasil. Para o executivo, o mercado pode triplicar o número de assinantes. Porém, Tuchman acredita que o grande diferencial tem que ser a qualidade do conteúdo. Para ele, apenas a receita do pagamento dos assinantes pode manter o investimento nas produções.