Uma das principais atrações do congresso da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura) de 2005, realizado na semana passada em São Paulo, foi o lançamento do sistema TiVo pela TVA no Brasil. Leila Loria, presidente da empresa do Grupo Abril, disse que a tecnologia vai permitir que o usuário grave sua programação e assista no horário que lhe for conveniente. “É conceito on demand”, resume Leila. O TiVo também permite que o assinante exclua os intervalos comerciais. “Outro ganho do TiVo é que ele está dentro do conceito ‘triple play’, que une voz, dados e vídeo em um só produto e canal de distribuição”, acrescentou Leila.
Além do lançamento do TiVo, mecanismo que está tirando o sono das agências, a ABTA 2005 teve apresentação do Ibope sobre a pesquisa de audiência dos canais digitais a cabo que vai começar ainda este ano. Derli Pravato, diretor do Ibope Mídia, acrescentou que o instituto também vai medir em tempo real através de people meters a audiência das TVs fechadas, a exemplo das redes abertas. “Trabalhamos com alcance em vez da audiência devido à segmentação das TVs por assinatura”, disse Pravato.
A Globosat valoriza os dados apurados pelo Ibope para consolidar suas estratégias. De acordo com Giani Scarin, antes os usuários de canais fechados eram identificados por dados sem conteúdo técnico. “Hoje temos informações que nos permitem adequar a grade aos interesses do espectador”, argumentou. “Nossa audiência cresceu e atraímos 26 novos patrocinadores”, acrescentou.
O congresso da ABTA teve painéis como “As portas da TV digital”, com a participação de Leila Loria, Luiz Eduardo Baptista, diretor geral da DirecTV, Francisco Valim, diretor da Net Serviços, Ricardo Mirando, presidente da Sky, e Chris Torto, executiva da Vivax.
Este ano, o destaque ficou por conta do Triple Play. “Ele mexe radicalmente com o setor”, resume Alexandre Annemberg, diretor executivo da ABTA, que afirma que o setor de TV por assinatura não tem do que reclamar. O executivo disse que, conforme pesquisa da entidade, o setor apontou, já no primeiro trimestre de 2005, houve crescimento na base de assinantes de 1,2%, em relação a dezembro de 2004.
Se comparar com o mesmo período do ano passado, o crescimento chega a 6,6%. A expectativa é que, até o final do ano, o setor cresça 6%. O faturamento do segmento atingiu R$ 1,1 bilhão nos três primeiros meses do ano, enquanto em todo o ano de 2004 arrecadou R$ 4 bilhões.
Um estudo realizado pela entidade, baseado em três cenários, projetou o crescimento da base de assinantes de TV paga nos próximos cinco anos. O cenário otimista prevê chegar a 2010 com 6,88 milhões de usuários, hoje são 3,8 milhões. Vale lembrar que, atualmente, o País conta com 20 milhões de casas, que dispõem de cabo ou antenas MMDS em sua área, que podem receber o serviço. No cenário base, a indústria atingiria 5,7 milhões. Já no cenário pessimista, o número chega a 2010 com 4,05 milhões.
O executivo ressaltou que expectativa é que a base de assinantes aumente significativamente, principalmente com a regulamentação de uma Lei Geral de Comunicação Eletrônica pelo governo federal. O projeto trata da questão de concentração de conteúdo estrangeiro na grade de programação da TV por assinatura.
Ele diz que “com a recente mudança de comando, com a posse do ministro Hélio Costa, que é ligado ao setor, a entidade espera uma melhora no atual cenário político, para uma discussão do tema”.