De olho no crescente mercado brasileiro e atenta à desaceleração da economia europeia, a companhia portuguesa Unicer prepara a chegada da marca Água das Pedras ao país. A famosa água gaseificada, aclamada por chefs, é o primeiro passo da Unicer, maior empresa de bebidas de Portugal, para atuar no Brasil. “Nos últimos anos, nossa companhia adotou uma estratégia assertiva de internacionalização. Vemos a Europa em um momento difícil. A Água das Pedras é naturalmente a escolhida para o projeto internacional, porque acreditamos que ela garante mais hipóteses de sucesso”, afirma Bruno Albuquerque, diretor de marketing da marca.
Apontada em 2007 como uma das melhores águas do mundo pelo sommelier Michael Mascha, na revista Times, o produto será posicionado no Brasil para competir no universo gourmet e começará a ser vendido no final de julho. Os pontos de venda serão restaurantes, bares, empórios, delicatessens e supermercados gourmet. “Não queremos distribuição de forma massificada”, diz Albuquerque.
Uma distribuidora de vinhos é a parceira comercial da Unicer no país, escolhida com o objetivo de auxiliar a entrada da marca no universo gastronômico. “Um parceiro brasileiro nos dá garantias de colocar o produto nos locais onde desejamos. Ter um distribuidor neste momento, que atua na área de vinhos, cria paralelo entre os dois produtos”. A estratégia de divulgação será centrada no endosso de formadores de opiniões.
De acordo com Lee Swain, diretor de criação e design da Tônica Mix, agência responsável pelo atendimento à marca no Brasil, a campanha de lançamento, prevista para junho, acontecerá “em locais inusitados”. “O que estamos propondo são ações que criem valor para esse produto. Por que alguém iria tomar uma água de Portugal ao invés de uma do interior de São Paulo? Porque, de fato, ela tem um valor. Demorou cerca de 100 anos para ser naturalmente filtrada, é praticamente um tesouro a ser descoberto. E o consumidor será convidado a descobrir essa raridade”. A fonte da Água das Pedras, na região de Trás-os-Montes, no interior de Portugal, começou a ser explorada em 1871. O processo que resulta na bebida, gaseificada naturalmente pelo contato com as rochas graníticas, pode durar 100 anos.
Inicialmente, o produto estará disponível em São Paulo e no Rio de Janeiro. Numa segunda fase, será levado para Santa Catarina e, na terceira etapa, para todo o Brasil. A empresa não precisou quando o processo estará concluído. O executivo da Unicer afirma que no momento não há a intenção de trazer outros produtos da companhia para o país. A Unicer possui no portfólio marcas de cervejas como Carlsberg e Superbock. “Vamos tentar aproveitar oportunidades, mas são dois negócios distintos. A ótica não é de sinergia entre produtos por enquanto”.
Força
Já faz tempo que a água deixou de ser uma bebida para matar a sede. Abraçada por grandes empresas, como Coca-Cola, Danone e Nestlé, a água ganhou marca, atributos subjetivos e hoje pode significar um produto de luxo ou de beleza. “O conceito de valorizar a água já acontece há algum tempo. Perrier e San Pellegrino (ambas da Nestlé) são exemplos de marcas que trabalharam sofisticação e luxo, mais que os aspectos funcionais”, analisa Eduardo Muniz, sócio da Top Brands.
A Danone, segunda maior do mundo em volume de águas em garrafa, viu o segmento crescer fortemente. Em 1996, a divisão representava 10% do faturamento da empresa, valor que saltou para 17% em 2011, o equivalente a US$ 3,281 bilhões. A liderança mundial é da Nestlé, cujas vendas da categoria totalizaram US$ 6,5 bilhões. “O segmento de águas tem ganhado força porque um grupo maior de marcas está apostando nesse mercado”, diz Muniz.
No Brasil, a Danone é a segunda maior com Bonafont, que comunica atributos como beleza e hidratação. A liderança no país é da Crystal, do portfólio da Coca-Cola, com 13,3% de participação, segundo dados da Nielsen. No ano passado, a companhia reposicionou a marca com o lançamento da versão da garrafa Eco. Um dos pilares da Crystal é liderar e se tornar referencia em sustentabilidade para o negócio de água.