Resolução da ANS deixa Unimed em posição desconfortável

 

A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) abriu, na semana passada, mais uma crise no mercado de planos de saúde, que atingiu cooperativas da maior rede de assistência médica do Brasil, a Unimed. A entidade suspendeu a venda de 268 planos de saúde de 37 operadoras. Entre elas, estão a Unimed Brasília, Unimed do Centro-Oeste e Tocantins, Unimed Guararapes, Unimed Maceió e a Unimed Paulistana.

De acordo com a ANS, os planos não cumpriram critérios da Resolução Normativa nº 259, que determina prazos máximos de atendimento para consultas, exames e cirurgias. As operadoras foram notificadas e os produtos ficam proibidos de ser comercializados até a próxima avaliação trimestral, que será em setembro.

Para especialistas, a imagem das empresas listadas ficará maculada porque, com a publicação no site da agência, os consumidores identificarão as corporações. “Essa punição da ANS vem bem a calhar, de forma que pune as empresas que desrespeitam os direitos do consumidor naquilo que é mais básico: o acesso ao serviço do plano de saúde — que inclusive é pré-pago”, observa Daniel Magnoni, coordenador do núcleo de estudos em gestão da saúde da ESPM.

O professor salienta que a partir da punição da ANS deve aumentar o número de reclamações de consumidores contra os planos de saúde. “A punição vai chamar a atenção do consumidor para o fato de que ele pode reclamar diretamente para a ANS. Sem dúvida nenhuma teremos punições de maior penetração no mercado. Certamente virão mais reclamações contra os planos de saúde, inclusive contra as maiores”, acredita Magnoni.

A lista da ANS deve piorar a crise de imagem por causa da qualidade na prestação de serviços dos planos de saúde, uma vez que o setor cresce com o aumento da renda e emprego no Brasil, ao mesmo tempo em que muitos profissionais de saúde pedem descredenciamento de planos que pagam mal. “O sistema público de saúde brasileiro está falido, o que faz com que a população procure o sistema privado e pague caro. Dessa forma, as empresas que vendem esses serviços devem se adaptar, credenciando mais médicos e pagando melhor para reverter uma tendência de profissionais de saúde que estão pedindo o descredenciamento de planos que pagam mal”, diz o professor.

Magnoni destaca que se para o consumidor a lista da ANS pode ser positiva – a medida não afeta os beneficiários dos planos suspensos –, ela é muito ruim para a imagem das empresas relacionadas. A Unimed salta aos olhos porque é a marca mais forte da lista das 37 operadoras notificadas e é uma das que mais anunciam na mídia no país – inclusive a Seguro Unimed está com campanha para apresentar a nova identidade visual da marca, em trabalho desenvolvido pela Pepper. Segundo o institucional da Unimed, hoje o sistema é composto por 370 cooperativas médicas, com  mais de 18 milhões de clientes no país.

Procurada pelo propmark, a Unimed Paulistana informou por meio de comunicado que não havia recebido nenhuma notificação formal por parte da agência reguladora e que caminha para oferecer ao beneficiário um atendimento de melhor qualidade. “Entendemos que esta medida tomada pela ANS visa permitir que estas operadoras de planos de saúde se organizem e se estruturem mais adequadamente e é neste sentido que já estamos caminhando para oferecer ao nosso beneficiário um atendimento de maior e melhor qualidade”. A Unimed Brasil afirmou que busca permanentemente a qualidade de atendimento aos seus clientes, mas que devido à sua dimensão e capilaridade, pode enfrentar alguns percalços eventuais e pontuais, como é o caso da suspensão de venda de planos de cinco operadoras. “Quando isso ocorre e para defesa da marca, a Unimed do Brasil movimenta sua estrutura para ajudar as cooperativas a resolverem os problemas o mais rápido possível, sempre visando a qualidade dos serviços prestados e, como isso, contribuindo para preservar e fortalecer a marca. É o que está sendo feito nesse momento”.