Isolamento causado pela excessiva exposição às telas, especialmente redes sociais, requer vivências capazes de reaproximar as pessoas

Animações geralmente arrastam o público infantil aos cinemas, mas teve muito adulto que se identificou com a entrada de Ansiedade nas emoções da jovem Riley em ‘Divertida Mente 2’, produção da Pixar lançada em 2024. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2019, esse sentimento atinge mais de 300 milhões de pessoas, cerca de 4% da população global. Mas só um em cada quatro indivíduos diagnosticados recebe tratamento.

O Brasil lidera o ranking com 18,6 milhões de ansiosos, o equivalente a 9,3% da população. Estudo da Ipsos, de setembro do ano passado, mostra que 45% das mil pessoas ouvidas em todo o país lutam contra o distúrbio, especialmente mulheres (55%) e jovens de 18 a 24 anos (65%). A evolução do quadro leva à depressão, que afeta 19% dos entrevistados, com predominância entre mulheres (24%). Homens perfazem 13%.

A situação é tão grave que no próximo mês de maio entra em vigor a Lei 14.831, que regulamenta a promoção da saúde mental no trabalho, medida publicada no Diário Oficial da União em março do ano passado.

‘Divertida Mente 2’ apresentou a Ansiedade, personagem que bagunça as emoções da adolescente Riley, fazendo da ficção o espelho da vida real agravada pela superexposição às telas (Reprodução)

Incertezas na economia e dívidas, divergências de cunho ideológico e polarização, pressões capitaneadas pelo presidente norte-americano Donald Trump com incitação à guerra fiscal e influência nos conflitos de Rússia e Ucrânia e no Oriente Médio estão entre os temores à espreita.

A internet também deixa os nervos à flor da pele. O mundo digital planta rastros de insegurança com golpes e o abandono de políticas de diversidade e inclusão e das agências de checagem de dados pelas big techs. Notícias falsas distorcem a realidade, enquanto a ilusão da vida perfeita causa frustrações agravadas pela saraivada de xingamentos que espalham negatividade pelo mundo.

Aprisionadas pelas telas, as pessoas se isolam. O tempo de exposição dos brasileiros a smartphones, tablets e computadores chega a nove horas e 32 minutos ao dia, o segundo maior do mundo, de acordo com pesquisa do site de tecnologia ElectronicsHub, divulgada em 2024. O Brasil só perde para a África do Sul. A epidemia da solidão é global. Não enxerga fronteiras.

A mesma tecnologia que conecta as pessoas, dissemina ansiedade e depressão. Esse foi um dos alertas da 39ª edição do South by Southwest (SXSW), festival de inovação realizado em Austin, no Texas (EUA), entre os dias 7 e 15 de março. Nas páginas a seguir, profissionais de comunicação compartilham os seus esforços para espalhar emoções positivas e conter a crise de saúde mental que assola o mundo.

Leia a matéria completa na edição do propmark de 24 de março de 2025