Vieira: "mídia representará R$ 70 bilhões até 2016"

“As novas tecnologias e as novas fronteiras da mídia” é a comissão que Luiz Fernando Vieira, presidente do Grupo de Mídia de São Paulo e sócio e vice-presidente de mídia da Africa, irá comandar no 5º Congresso da Indústria da Comunicação. Segundo o executivo, só agora que as primeiras discussões para a formatação do painel começaram a ser realizadas. Porém, já existem alguns aspectos definidos.

O relator da comissão será Daniel Chalfon, sócio, vp e diretor de mídia da Loducca; o secretário geral, Paulo Camossa, diretor geral de mídia da AlmapBBDO; e um dos debates será conduzido por Flavio Rezende, diretor nacional de mídia da DPZ. “Temos mais debates, mas temos que diversificar. Queremos que o mercado anunciante, por exemplo, participe dessa discussão”, relata Vieira.

Diante do tema da comissão, Vieira lembra que o Brasil é um país em desenvolvimento e que nessa década começa a acelerar ainda mais esse processo. “Ainda apresentamos números abaixo da expectativa. Mas estamos na porteira dos dois grandes eventos esportivos, fora outros como o Rio +20 e até a Jornada Mundial da Juventude Católica, que deve reunir cerca de três milhões de pessoas no Rio de Janeiro em 2013”, lembra. “Com isso, automaticamente, o país começa a se direcionar para taxas de crescimento maiores. O discurso da nova classe média brasileira, por exemplo, já deixou de ser discurso e é realidade. E isso mexe com todos os mercados, impulsionando tecnologia e as mídias, tema de nossa comissão”, completa.

Um dos princípios da comissão será tentar prever qual será o tamanho do mercado de mídia. “Hoje estamos na casa dos R$ 40 bilhões. A previsão é que em 2016 esse mercado represente R$ 70 bilhões, sendo R$ 60 bi de investimentos em mídia e R$ 10 de produção, aproximadamente. E essa verba irá passar pela mão do profissional de mídia, que terá que ter qualidade para gerir esse investimento”, esclarece Vieira. Com isso, entra em cena a preparação constante e contínua do profissional de mídia do futuro. E isso passa pelos três pontos que a comissão deverá abordar dentro do 5º Congresso.

O primeiro é o “aspecto humano”. Segundo Vieira, grande parte dos profissionais da área tem hoje apenas a formação acadêmica. “O que é muito básico para a realidade que vivemos e em que estamos entrando”, ressalta. Ele diz que isso fez com que inicialmente o Grupo de Mídia de São Paulo investisse em um curso básico mais prático, ministrado por alguns dos principais mídias das maiores agências do país, e agora, com outros mais avançados, cujo objetivo é a certificação do profissional. Uma norma que foi fechada durante o 4º Congresso, em 2008. “Na época, ficou decidido, com apoio da ABA (Associação Brasileira de Anunciantes), que essa certificação seria valorizada pelos anunciantes. Hoje já temos mais de 500 profissionais nessas condições. Não temos a representatividade de um MEC, mas temos representatividade no mercado”.

O segundo ponto será o “desenvolvimento e melhoria das ferramentas”. “Hoje há trabalhos com softwares bem modernos, temos um nível muito bom de investimento em pesquisas, mas todo esse ferramental terá que ser atualizado a partir do momento em que falamos em novas tecnologias”, explica Vieira. Um dos aspectos que o executivo visa quando fala em atualização é em relação a um afinamento da aferição de merchandising em televisão. “Hoje fica mais difícil ainda, com o product placement cada vez mais comum. Dou um exemplo: uma cena de novela, na qual aparecem duas pessoas conversando e um computador da Apple na mesa; será que aquilo é uma mídia paga ou colocaram qualquer computador no cenário e o editor de imagem não apagou o símbolo da empresa?”, indaga, dizendo que há dois anos estão testando critérios para se chegar a uma aferição compatível com a realidade. “E com a internet esse monitoramento se torna cada vez mais complexo. Um comercial de um refrigerante no site do Big Brother Brasil. Para qual dos meios do bolo publicitário contabilizamos a verba? A internet, por estar no site do BBB? Ou para a TV, já que o site do BBB e o comercial estão lá apenas porque o programa da TV fechou essa marca como cotista?”, completa.

Já o terceiro ponto a ser abordado é o das regulamentações que têm relação com o modelo de negócio brasileiro. Ainda não têm todos seus aspectos definidos, mas deve passar inclusive por redes sociais como Facebook e Twitter, que cada vez mais aproximam suas atuações à de um veículo de mídia – mas não exercem modelos de publicidade semelhante.

Mudança

A comissão “Novos caminhos para criar e fortalecer marcas” teve uma mudança. Luiz Carlos Dutra, que no início do mês assumiu a diretoria corporativa de relações institucionais da Votarantim, deixou a presidência do painel. Em seu lugar entra Marcos Simões, diretor de comunicação da Coca-Cola Brasil.

As demais comissões estão confirmadas. Armando Ferrentini, diretor presidente da Editora Referência, comanda “O futuro da profissão”; Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, preside “O consumidor com a palavra, sobre serviços de atendimento ao consumidor e pesquisa”; João Batista Ciaco, presidente da ABA e diretor de publicidade e marketing de relacionamento da Fiat, “Regionalização – a força e a importância do ‘regional’ em um mundo globalizado”; Armando Strozenberg, chairman da Euro RSCG Brasil, presidirá “Comunicação, crescimento econômico e desenvolvimento humano”; Nilton Monti, presidente da Frente Parlamentar para Defesa da Comunicação, “Comunicação one to one – personalização versus privacidade”; Alexandre Gama, sócio e presidente da Neogama/BBH, “Criatividade e sucesso”; José Carlos Salles Neto, presidente do Grupo M&M, “Sustentabilidade e comunicação”; o produtor Thomas Roth, da Lua Nova, comandará “Propriedade intelectual, legislação e ética”; Ricardo Scalamandré, diretor de negócios internacionais da Rede Globo, “As empresas de comunicação brasileiras, o mercado global e a marca Brasil” e José Victor Oliva, da Holding Clube, está à frente da comissão “Grandes eventos – desafios e oportunidades”.